O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (2) que não irá assistir ao julgamento do mensalão, que começou nesta tarde no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele fez um breve comentário sobre o assunto após receber uma homenagem em São Paulo feita por associações de produtores de biodiesel. Ao ser questionado por jornalistas por que não acompanharia o julgamento, Lula deu uma resposta curta. “Porque estou trabalhando”, afirmou.
Lula discursou por cerca de 30 minutos durante o evento e não fez referência ao mensalão. O processo trata do suposto pagamento de mesada a parlamentares em troca de apoio político no Congresso. O caso veio à tona em 2005 e teria começado entre 2003 e 2004, início do mandato do ex-presidente, segundo a procuradoria.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, também estava no evento e não quis falar com a imprensa sobre o julgamento. O governador de Sergipe, Marcelo Déda, disse ter convicção de que a população já compreendeu as conquistas do governo Lula e que, mesmo em uma época eleitoral, ela conseguirá saber a diferença entre a questão política e o aspecto jurídico.
Homenagem
Durante o compromisso em São Paulo, Lula se mostrou bem-humorado e falou de temas gerais da política brasileira. Ao comentar a expectativa sobre seu retorno político, ele afirmou que sua meta é apoiar a reeleição de Dima. “Eu não preciso voltar, eu já voltei. Algumas pessoas pensaram que, com o câncer, eu iria parar. Eu não vou parar. Eu estou aqui para ajudar a Dilma a ser presidente mais uma vez”, disse.
Lula também brincou com os presentes. “Eu vim bonito para mostrar que eu tenho mais barba do que tinha quando eu era presidente. Se eu não conseguir tirar esse papo com o tempo ou com drenagem, eu vou cedê-lo ao biocombustível”, disse sobre o inchaço na região do pescoço.
O evento com Lula ocorreu no Hotel Mercure Grand Hotel, na Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo. Ele foi homenageado por associações por seu papel de articulador do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) durante seu primeiro mandato. O evento foi organizado pela União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) e pela Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio).
Conselho
Lula aconselhou produtores de biocombustível a se aproximarem do governo Dilma Rousseff para mostrar os avanços do setor. Ele disse acreditar que ela tem uma visão semelhante a dele sobre a produção de biocombustível. “Se tem uma coisa que nós precisamos melhorar é a qualidade do ar da cidade onde moramos. Nós temos um produto. É só tomar uma decisão e, para tomar decisão, é preciso convencimento”, declarou.
Para ele, a descoberta do pré-sal não reduz o “apetite” para a produção do biocombustível. “O programa foi feito para crescer. Mesmo depois que nós encontramos o pré-sal e vamos ter muito mais óleo diesel. Isso não diminui a nossa vontade de produzir um combustível alternativo e menos poluente”, disse.
Embora o setor não tenha feito cobranças durante o evento, o ex-presidente disse saber que conhece a reivindicação dos empresários, que é um aumento na porcentagem da mistura do biocombustível no diesel, determinado pelo governo.
“Se aumentar para 7%, vocês não vão se contentar e vão começar a pensar em 10%. Aumentando para 10%, vocês não vão se contentar e vão pensar em 15% ou 20%. Essa é a lógica do programa. O que não podem é ter preocupação e medo de reivindicar”, disse.