Por Adeilton Júnior
Neste dia das mães a equipe do Diário da Região foi conhecer a história de duas mães que, como milhares de outras, dedicaram e ainda destinam suas vidas quase que inteiramente aos filhos.
Histórias de carinho, força e muito amor
A primeira dessas histórias começou ainda na década de 50, para ser mais preciso em 1951, quando a dona de casa Raimunda Souza Rodrigues, na época apenas com 18 anos, dava à luz a primeira filha, Almira Rodrigues. Ao longo do tempo, foram 14 filhos, apenas um morreu durante o parto. Foram eles: Altamira, Altair, Altamiro, Aldir, Aneiro, Aidê, Aimê, Aiman, Arlete, Anete, Andréa e Adriana. Dona Raimunda gerou apenas 3 meninos e 10 meninas. Se você ainda não percebeu, além de serem irmãos, há outra semelhança que os unem, é o batismo sempre com a primeira letra do alfabeto, “A”. Até o bebê que não resistiu ao parto não fugiu da regra, André foi o nome escolhido. Segundo a dona de casa não foi nada planejado, dá para acreditar?
Com a casa cheia de crianças para alimentar, vestir e educar, a esposa do carpinteiro Altamiro Pinheiro Rodrigues, já falecido, conta quais foram as principais dificuldades para criar os 13 filhos. “Eu trabalhei muito de sol a sol para conseguir criar meus filhos. Trabalhava lavando e passando para as casas dos comandantes dos vapores, quando os barcos ainda vinham para o porto aqui de Juazeiro. […] Meu marido não trabalhava de carteira assinada. Não era sempre que ele estava empregado”, lembra.
Como se não bastassem as dificuldades da época para manter a casa e os filhos, dona Raimunda ainda tinha espaço para mais gente dentro de casa. Foi quando acolheu mais duas crianças, Moisés de Souza e Joseane de Souza. “Eles eram filhos de um sobrinho meu que faleceu. Aí, a mulher dele chegou aqui e me entregou o Moisés e a Jô. O povo aqui da vila Maringá se admirava e me parava na rua para perguntar. – Mas dona Raimunda, a senhora já com tanto filho, já chegando os netos e ainda pegou dois meninos para criar? Aí que respondia. – Que jeito, são meu sangue. Eles vieram parar aqui e é aqui que eles vão ficar”, conta.
De lá para cá, hoje com 82 anos, sentada em uma cadeira de rodas, com os cabelos grisalhos, feito poupa tipo o cabelo da Dona Benta do Sítio do Picapau Amarelo, dona Raimunda conta com orgulho e se diz vitoriosa da criação dos filhos. “Eu tenho muito orgulho dos os meus filhos, de todos eles. Todo o sacrifício que fiz valeu apena”, afirma.
Uma outra mãe, dessa vez com um número menor de filhos, mas com a mesma coragem, força e amor. A professora aposentada Antonieta Correia (71) é mãe de quatro filhos, um deles especial, o Wilson Correa Júnior (43), aluno da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, de Juazeiro.
“Por incrível que pareça, porque têm mães que ficam chateadas quando têm um filho especial, mas eu não. Quando ele nasceu, babava bastante, sempre usava um babadorzinho. Levei ao médico e descobri que ele tinha problemas. Eu fiquei triste porque em 1972 não tinha tanta coisa como tem hoje, a gente não tinha os meios por aqui. Então viajei com ele para São Paulo e Salvador para ver isso,” lembra.
Mamãe coruja, ela conta admirada as proezas do filho Wilson. “Ele é inteligentíssimo. Não lê porque é preguiçoso!”. Em pouco minutos da nossa conversa, já se podia perceber a quão dedicada e protetora mãe que dona Antonieta é. “Eu o amo demais. Eu sempre digo assim: Meu Deus, se eu tiver que morrer e deixar meu filho. Leve ele primeiro, nem que quando eu chegue no cemitério, caia por cima dele, mas que Deus não deixe meu filho aqui sozinho para sofrer”, desabafou.
Aos 30 anos de idade e já com quatro filhos, dona Antonieta perdeu o esposo e assumiu de vez as obrigações da casa. Com o salário de professora de ginásio, ela foi criando os filhos. E assim como a nossa primeira entrevistada, dona Raimunda, na casa da professora também cabia mais gente, cabiam exatamente mais 5 crianças.
“É uma história engraçada. Eles são filhos de uma cunhada minha, ela morreu de repente. Como eles já eram apegados a mim, então peguei primeiro as duas meninas e depois os meninos. Aí depois casei com o esposo dela e moramos aqui, criamos juntos os filhos dele e os meus”, lembrou aos risos.
Fazendo as contas, a professora aposentada soma agora um total de nove filhos, mas, segundo ela, esse número pode ser maior, pois ainda há alguns que ela ajudou a criar e que hoje a consideram como mãe.
Com sorriso fácil e um olhar terno, dona Antonieta se orgulha dos seus filhos e fala, depois de um breve suspiro, sobre o que significa ser mãe.“Ser mãe pra mim é tudo. É divino ser mãe. […] Acho que se eu não fosse mãe, nem sei o que seria da minha vida”, afirmou.
As duas histórias são parecidas e revelam o quanto essas mães são fortes, determinadas e amorosas. Capazes de se doarem quase que inteiramente aos filhos e de não pensarem duas vezes antes de acolher, reforçando o fato de que para ser mãe, nem sempre é preciso dar à luz. Mas sim, AMOR.