Cerca de metade das internações infantis ocorrem por doenças respiratórias e poderiam ser evitadas se as crianças recebessem tratamento adequado na atenção primária, segundo uma publicação da Agência USP de Notícias.
A enfermeira Beatriz Rosâna Gonçalves de Oliveira Toso, da EERP (Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto) da USP, analisou as causas desse fato e quais eram as falhas da atenção básica, propondo uma mudança no sistema de saúde, para que se torne mais integrado e humanizado e essa porcentagem seja reduzida.
O objetivo era entender o porquê do alto número de internações pelas chamadas causas evitáveis, ou seja, problemas que deveriam ter sido resolvidos já no ambulatório, no primeiro contato do paciente com o atendimento médico.
Beatriz constatou que 50% das internações eram por infecções respiratórias não-crônicas, como gripe, sinusite e pneumonia. Essa é a média nacional e, em Cascavel, no Paraná, cidade onde o estudo foi realizado, o índice está bem próximo disso (49,6%). Os dados analisados abrangem os anos de 2006 a 2011.
Por conta dessa constatação, Beatriz analisou o funcionamento da atenção básica e observou que seus princípios básicos não estavam sendo implementados, que os pacientes que procuravam ajuda não o conseguiam de forma satisfatória, o que resultava em um maior número de internações.
A pesquisadora fez uma análise quantitativa de dados e selecionou, entre outubro de 2009 e junho de 2011, crianças hospitalizadas com infecções respiratórias que haviam passado anteriormente por unidades básicas de saúdes. Ela sugere a adoção de um sistema mais integrado de serviços de saúde, onde os princípios da atenção básica sejam implementados, que o foco esteja no usuário e que haja a humanização do cuidado do paciente.
Para a enfermeira, é essencial fazer com que os municípios reflitam sobre sua organização da saúde básica e tentem mudar suas práticas, “pois do jeito que é feito hoje, vivemos em um faz-de-conta, apenas temos a ilusão de que estamos tratando da saúde”.