Mais da metade dos empresários dos setores do comércio e serviços (53%) já contratou ou pretende contratar trabalhadores temporários neste fim de ano. O levantamento foi feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) nas 27 capitais do país, com 623 empresários e gestores de empresas dos segmentos de serviços e de comércio.
As entidades estimam, com base no levantamento, que até o término de 2014 aproximadamente 209 mil temporários sejam absorvidos para preencher as vagas de emprego disponíveis, o que representa queda em relação ao ano passado – quando a expectativa era de que mais de 233 mil vagas fossem criadas para o mesmo período. “A pesquisa indica que neste ano os empresários estão mais reticentes em contratar”, avaliaram.
Além disso, em 2014, aumentou a quantidade de empresas que ainda estão esperando um sinal positivo do mercado para contratar: elas eram 20% em 2013 e passaram para 28% em 2014. Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a elevação do percentual de contratações tardias sinaliza que o empresariado está “cauteloso, esperando até o último momento para investir em mão de obra temporária, a fim de evitar prejuízos e gastos desnecessários com a folha de pagamento”.
Segundo Flávio Borges, gerente financeiro do SPC Brasil, as contratações temporárias são uma boa oportunidade para o jovem que está procurando o primeiro emprego ou para quem está desempregado e quer se reposicionar no mercado de trabalho. “Ter desenvoltura para lidar com o público é importante, mas não se pode descartar uma boa dose de comprometimento e dedicação. Uma dica importante aos candidatos é encarar o trabalho temporário com seriedade e como uma porta de entrada para permanecer na empresa”, disse.
Expectativa de vendas
Com relação à expectativa de vendas, a pesquisa indica que o percentual de pessimistas caiu de 12% em 2013 para 6% em 2014, e o número de empresários que acreditam em vendas superiores às registradas no ano passado também retraiu, passando de 55% para 46%. Isso fez com que a quantidade de empresários com percepção estável sobre o mercado – ou seja, que projetam vendas no mesmo patamar do ano passado – saltasse de 28% para 42%.
A economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti avalia que apesar dos recentes indicadores sinalizarem que o consumo está perdendo força no país, é natural que o período natalino impulsione as vendas no comércio, já que, tradicionalmente, é a data de maior lucratividade para o varejo nacional. “O tom predominantemente otimista do empresariado pode ser interpretado como uma esperança em recuperar as perdas que eles registraram ao longo do ano em outras datas comemorativas”, disse.
Quando começam as contratações
O estudo mostra que quem procura uma colocação temporária em 2014 deve ficar atento, pois a maioria das contratações deve ocorrer entre os meses de outubro (37%) e novembro (38%). Apenas 13% já efetuaram as contratações nos meses de agosto e setembro e 7% devem realizá-las somente em dezembro, quando faltarem poucas semanas para o Natal.
“O cenário de compasso de espera se dá por conta dos fracos indicadores econômicos. Temos observado sucessivas pioras no desempenho do comércio e da indústria, com reflexos significativos no emprego e na confiança de consumidores e empresários. Em meio às incertezas no campo da economia, os empresários parecem postergar ao máximo suas decisões”, afirma a economista Marcela Kawauti.
Para os especialistas do SPC Brasil, não existe um mês ideal para que as contratações sejam realizadas. Cada empresa deve fazê-la de acordo com o mercado e com o fluxo de vendas previsto para o final do ano. Apesar disso, é recomendável que os temporários sejam contratados com certa antecedência para que possam ser treinados e avaliados antes que o movimento pré-festas fique mais intenso.
“Muitas vezes os lojistas acabam continuando com esses colaboradores por mais um tempo após o Natal por causa da alta demanda no período de troca de presentes e de liquidações no início de ano”, declarou Flávio Borges, gerente financeiro do SPC Brasil.
Menos efetivações e salários mais baixos
Sete em cada dez (70%) empresários ouvidos pela pesquisa não pretendem aumentar o número de contratações temporárias em 2014, na comparação com o ano passado, informaram as entidades. Na média, cada empresa deve contratar até o fim do ano entre três e quatro trabalhadores para reforçar seu quadro de funcionários, segundo a CNDL e o SPC Brasil.
Entretanto, a intenção de efetivação dos temporários também apresentou queda. Em 2013, 52% das empresas pretendiam fazer pelo menos uma efetivação após o término do contrato dos temporários; este ano, o percentual passa a ser de 32%.
De acordo com o levantamento, os empresários também devem diminuir o tamanho da remuneração paga aos seus novos funcionários. Pouco mais da metade (51%) das empresas que fazem uso da mão de obra temporária planeja pagar um salário mínimo (R$ 724,00) aos contratados. Na comparação entre 2013 e 2014, o SPC Brasil e a CNDL observam que houve queda no intervalo de remuneração de dois a três salários mínimos (de R$ 1.448,00 a R$ 2.172): no ano passado, 30% das empresas disseram que o pagamento de seus funcionários temporários estaria nesta faixa, enquanto que este ano apenas 28% afirmaram o mesmo. O salário médio do trabalhador temporário em 2014 deve ser de R$ 935,54.
Prática bastante habitual entre comerciantes e prestadores de serviços, o pagamento de comissões como remuneração complementar ao salário, deve estar presente em 35% das contratações. A maioria (60%) dos novos funcionários deve ser remunerada somente por meio dos salários e em alguns casos, também com benefícios como ticket refeição e vale transporte. Além disso, duas em cada dez (19%) contratações devem ser informais, ou seja, sem carteira assinada.
Perfil do trabalhador desejado
De acordo com o levantamento, as funções mais procuradas pelas empresas são as de vendedor e balconista (46%), caixa (28%), garçom (24%), estoquista e repositor (15%), auxiliar de limpeza (10%) e ajudante de cozinha (6%).
Reforçar o quadro de funcionários para dar conta do aumento da demanda no período pré-festas (81%) é o motivo mais citado pelos entrevistados na hora de justificar as contratações extras, mas há também os empresários que contratam pensando em melhorar a sua competição no mercado (10%) e aqueles que se planejam para lidar com a rotatividade de funcionários (8%). Dentre os empresários que não pretendem contratar (47%) nenhum trabalhador, um terço (33%) disse que aumentaria a carga horária de seus atuais funcionários para suprir a demanda do período.
De acordo com o levantamento, 60% dos empresários buscam profissionais com até 34 anos de idade e para 89% dos recrutadores, ter o ensino médio completo ou incompleto é o suficiente para se ocupar o posto, mesmo que o trabalhador não tenha um curso extracurricular na área pretendida.
Fonte: Portal G1/Empregos e Concursos