A Assembleia Legislativa da Bahia, que desde o início do ano vem sendo palco de protestos – primeiro com a greve dos policiais militares e atualmente com os professores da rede estadual de ensino em paralisação das atividades há 98 dias, pode não ser mais o cenário das manifestações da categoria nos próximos dias.
Após ter dado o prazo para que os docentes desocupassem o prédio de forma espontânea, o presidente da Casa, Marcelo Nilo (PDT) pediu ontem a reintegração de posse da Casa no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Nilo argumentou que o parlamento não pode mais comportar o movimento. “A Casa precisa voltar à normalidade.
A estrutura não aguenta mais. É ar-condicionado, água, luz, cafezinho”, disse, ao enumerar as supostas justificativas para o pedido de saída, enquanto ainda esperava uma iniciativa dos manifestantes de deixarem o saguão Nestor Duarte, dependência do Legislativo. No entanto, a bancada de oposição reagiu à intervenção e alguns deputados chegaram a oferecer seus gabinetes para ocupação dos professores.
Aliado do governo, o dirigente da Assembleia disse que a retirada dos professores não teria o objetivo de enfraquecer o movimento. “Não tem nada a ver”, restringiu. Entretanto, em seguida rechaçou a insistência deles em permanecerem em greve.
“O governo tentou negociar com eles, o Ministério Público também e o arcebispo (Dom Murilo Kriegh) também e eles não quiseram, paciência. Eu que não vou servir de guarita. Aqui é a Casa das Leis e não podemos mais viver essa situação”, afirmou.
O líder da bancada de oposição, Paulo Azi (DEM) rechaçou o posicionamento de Nilo ao classificar como “lamentável sob todos os aspectos”. O democrata disse que o presidente estaria apenas tentando “tirar o desgaste do governador Jaques Wagner para colocar no colo dele, mas nós (oposição) não vamos aceitar isso”.
“A atitude do presidente está sendo de autoritarismo. Nada justifica e nós vamos está ao lado dos professores, inclusive se for usada a força policial para tirá-los da Casa”, acrescentou Azi.
O líder oposicionista colocou a sala da liderança à disposição dos manifestantes. “Se tirarem os professores do saguão, vamos dar a chave da liderança da oposição aos professores”, disse Azi.
Os deputados Sandro Régis (PR) e Adolfo Viana (PSDB) também se solidarizaram com os docentes. A APLB, sindicato representativo da categoria enviou uma nota, onde frisou que não iria aceitar a determinação de Nilo. O presidente do sindicato, Rui Oliveira disse que não havia recebido nenhuma intimação judicial e que, portanto os professores não iriam se retirar do prédio. (LM)