por Jorge Khoury
O aniversário de um bom amigo deve sempre ser comemorado. A ocasião é a mais propícia para trazer à tona suas memórias. Hoje, dia 1º de Julho, meu querido Rivadávio Espínola Ramos, professor Rivas, completa mais um ano de vida, e eu o acompanho nesta feliz data, para nós e para Juazeiro.
Não tenho, entretanto, com este artigo, a pretensão de presenteá-lo, mas de fazer justiça a seus méritos, relembrando sua honrada participação na vida de nossa cidade, relatada na sua autobiografia “Convivendo com a Memória”, lançada no início deste ano.
Mais que a autobiografia de uma das mais importantes personalidades de Juazeiro, o livro passeia com fidelidade e lucidez pelo crescimento da cidade que virou o mais importante polo econômico da Região Norte baiana.
Falar do desenvolvimento de Juazeiro é, como dito no livro, falar das dificuldades enfrentadas por nossos conterrâneos quando saíram dos distritos para a sede em busca de uma vida melhor, fazendo assim uma Juazeiro melhor. É relembrar romanticamente da Maria Fumaça, trem de passageiros e carga, do Vaporzinho (restaurante Saldanha Marinho) e objetivamente falar da luta de vidas inteiras.
É incrível como a publicação traz detalhes de nomes, personagens, eventos, documentos e imagens raras do passado, estimulado no íntimo do leitor mais jovem a curiosidade e, sobretudo nos mais antigos, a saudade.
Sem dúvida, este é um dos mais completos documentos históricos que Juazeiro poderia ganhar, lembrando do cinema, da construção da ponte Juazeiro-Petrolina, dos homens políticos. Citando ainda as empresas que movimentavam a economia, a construção do mercado produtor e a evolução de nossa comunicação, dos transportes, da cultura, tradições, dos nossos mestres, centros educacionais e universidades.
Pela importância da obra, o evento de lançamento, realizado no Espaço Multiuso da Univasf, promoveu um fato inédito: reuniu todos os ex-prefeitos vivos, além do atual prefeito de Juazeiro, marcando a sociedade juazeirense. A presença de tantas autoridades e lideranças, independentemente de qualquer tipo de matiz ideológico ou partidário, demonstrou também uma unânime estima pela pessoa de Rivas.
Arrisco-me também a dizer que nada foi esquecido nesta obra, dos clubes de serviços – Lions e Rotary -, das Maçonarias às organizações de naturezas diversas, como a Codesf – Comissão de Desenvolvimento Econômico do São Francisco, o Clube dos Diretores Lojistas e a Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Juazeiro. E, não por acaso, mas por seu ímpeto produtivo, muito do que é visto em Juazeiro hoje, ao longo dos anos, teve a participação do amigo Rivas. Quando não, passou por sua atenta e crítica observação.
Há passagens extremamente sábias, por exemplo, quando Rivas – do alto de sua experiência, mas com a humildade e sutileza que lhe são peculiares – lembra que “quem não tenta realizar, nunca erra ou acerta”. Ele tentou e, com certeza, acertou muito. O ingresso de Rivas para a vida política somente engrandeceu a história da cidade, por ele agora contada.
A vida de Rivas é semelhante à de muitos nordestinos, sertanejos, e por vezes se confunde com a história de nossa Juazeiro. Filho de uma família de fortes, respaldado pelos princípios e valores do bem, Rivas ganhou um destaque especial, aliando esforço pessoal, estudo, comprometimento e competência. O esteio de sua família, Dona Clara, sua mãe, foi a grande responsável pelo homem íntegro, humilde e dedicado que se tornou, já que muito cedo perdeu seu pai.
Me emociono imensamente ao lembrar do nosso trio, Rivas, Bolinha (Antônio Joaquim de Oliveira Neto) e eu, sempre reunido, no passado, para discutir o futuro. Orgulho-me de ter participado ativamente desse crescimento e agradeço ao grande amigo por eternizar em sua publicação algumas de minhas realizações, muitas com o relevante auxílio do próprio.
Faço menção ainda ao jovem Márcio Espínola Ramos, médico, filho de Rivas e Mércia, irmão de Rivaécia e Rivinha, quem prematuramente perdemos no ano de 2012, para nossa saudade, e que foi justamente homenageado no livro. Certamente está ao lado de Deus agora.
Parabéns, amigo.








