Em tempos de instabilidade, o “mercado” financeiro acredita até em ETs – ou monstros. Enquanto alguém não abrir a porta do armário para mostrar que o bicho-papão não existe, fica instalado o desassossego.
O dólar sobe, sobe e continua subindo. Mesmo com intervenções nesta segunda-feira (19) e o compromisso já acertado de oferecer mais alguns bilhões da moeda americana nesta terça-feira, o movimento de alta não conseguiu ser contido, apenas arrefecido. O câmbio fechou cotado a R$ 2,41, mas experimentou patamares mais altos durante o dia.
A maior procura é por proteção das posições financeiras assumidas por investidores e empresas e não pelo dinheiro vivo para levar embora do país. Tanto que o BC vem atuando nos mercados futuros, prioritariamente. E amanhã oferece uma linha com entrega de venda de dólares lá fora para quem quer se proteger da variação cambial.
A armadilha está pronta e visível. Mas o plano para escapar dela, não. O movimento da moeda americana pegou o Brasil de calças curtas, num momento de tentativa de ajuste entre atividade econômica mais fraca e uma inflação ainda resistente. A alta do dólar acentua a pressão sobre os preços e, ao mesmo tempo, impõe uma atitude ao BC que pode intensificar o desaquecimento da economia.
Enquanto o governo não acerta nos sinais do que pretende fazer com a política econômica do país, sobra para o Banco Central ir para batalha. E para que ele dê conta do recado, as taxas negociadas no mercado futuro de juros já indicam que o Copom pode subir os juros para acima de dois dígitos, ou seja, mais de 10% ao ano, ainda em 2013.
A contaminação da incerteza precisa ser estancada em algum momento, e que seja em breve. A insegurança se realimenta, como aquela noite em que você sabe que o bicho-papão não está lá, mas “e se?”. Até o dia clarear, muitos cenários passam pela cabeça e induzem mais ansiedade.
por Thais Herédia