Desde o primeiro dia de novembro até 28 de fevereiro, pescadores estão proibidos de utilizar a tarrafa para capturar os peixes no Rio São Francisco. Esta determinação faz parte da piracema, época de reprodução dos peixes. Porém é neste período em que existe um aumento da comercialização do cari, peixe de cor preta, com casco duro, muito encontrado no rio.
Manoel Barbosa, de 65 anos e é vendedor de pescado na Praça do Peixe, Zona central de Petrolina-PE, há 18 anos. Ele explica que esta espécie tem sua produção geralmente em época de chuvas. Segundo o vendedor, o cari está sendo vendido por até R$ 6 a unidade. Ele reclama que este ano não foi tão bom de venda. “A maior quantidade de vendas que tive foi por volta de 60 peixes, mas tem dias que não vendo nem dez”, conta.
De acordo com o engenheiro de pesca do Ibama, Vanderlei Pinheiro, as fiscalizações no Rio São Francisco estão acontecendo. O pescador que for pego desobedecendo a lei, tem o material de pesca e a embarcação apreendidos, recebe multa no valor entre R$ 700 a R$ 1 mil e perderá o seguro desemprego pago no período de reprodução dos peixes quando a pesca com redes é proibida. “Isso é uma prática ilegal, mas percebemos que todo ano acontece”, afirmou Vanderlei Pinheiro.
Apesar das fiscalizações, o engenheiro afirma que é muito difícil impedir estas práticas totalmente, pois geralmente este tipo de pesca acontece durante a madrugada. “Não temos como colocar barcos neste horário”, ressaltou o engenheiro.
João Bosco Barbosa, de 53 anos, é pescador há seis. Ele explica que a pesca do cari é feita geralmente por pessoas sem registro de pesca e que não são cadastradas para receber o auxílio do seguro desemprego. “A gente que recebe um salário mínimo durante os quatro meses não vai arriscar perder o benefício”, disse.
Pedro Oliveira é pescador há 12 anos da Colônia de Pedrinhas, distrito que compreende a pesca no Rio São Francisco dentro do município de Petrolina. Ele sabe que a proibição da pesca do cari e de outras espécies do rio não inibe quem usa redes a noite, quando não há fiscalização. “O povo sabe que é lei, e pesca por teimosia”, observou.
O zootecnista da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), José Fernando Melo, afirmou que a pesca neste período prejudica o desenvolvimento do pescado. “. O primeiro impacto é a redução da quantidade da espécie e também há uma tendência dos animais reduzirem de tamanho. Mas estes efeitos só serão percebidos daqui a alguns anos”, enfatizou.
G1 Petrolina