Emoção foi a palavra-chave do encontro de Padre Marcelo Rossi com seus fiéis, no Espaço Marcanã da 17ª edição da Bienal: alguns vieram de outros municípios para encontrar o religioso e ganhar sua benção. Foi o caso da família de Cristiane de Oliveira, moradora de São Gonçalo, que depois de falar com o padre precisou ser amparada pelo esposo Marcelo Alexandre, de 43 anos, e pelos filhos Marcelo Junior, de 20, e Ana Karoliny, de 15. De acordo com o pai da família, sua mulher passou por momentos difíceis com a ajuda do padre.
— Ela teve endometriose e precisou passar por cirurgia para tirar o ovário. Depois disso, desenvolveu crise de pânico e depressão e até tentou suicídio. Mas passou a acompanhar o padre no rádio e na televisão e está melhorando bastante. Quando viemos para cá, estávamos escutando ele. Saímos 7h da manhã de casa — lembra Marcelo
Com a voz embargada pelo choro, Cristiane não conseguia descrever o momento ao lado de Padre Marcelo Rossi:
— Senti paz, amor… Parece que ele alimenta a gente com a energia boa. Estar aqui para mim é tudo.
Em um dos intervalos no atendimento ao público, o padre conversou com o EXTRA e lembrou da sua vinda na 15ª edição da Bienal, em 2011, quando precisou sair de mão enfaixada do estande da editora Globo. Desde então, prefere dar bênçãos individuais no lugar de assinatura dos livros.
— Quando eu vim em 2011, eu causei um reboliço danado. Aí prometi para eles que eu ia pegar um outro horário esse ano para isso não acontecer de novo. A princípio seria no dia 7, no feriado, mas iria ser muito tumultuado, então pedi para ser hoje (sexta-feira), nesse horário, porque eu queria atender as pessoas sem senha. Isso é importante para mim: atender a todos, até o último que vier aqui — contou ele, que abençoava desde crianças a idosos, como Maria das Graças Cauterrucio, de 62 anos.
A moradora de Bento Ribeiro, na Zona Norte do Rio, saiu às seis da manhã de casa para vir para o Riocentro.
— Sou muito fã: tenho todos os livros do padre! No momento, estou passando por um momento difícil e precisando da benção, por isso vim aqui. Ele já veio no NorteShopping e lá esperei 15 horas mas não consegui. Aqui esperei só três — afirma a aposentada que se emocionou ao receber a benção do Padre Marcelo Rossi.
As amigas Emilene Santos, de 39 anos, e Bruna de Souza, de 23, também não contiveram as lágrimas quando abraçaram o religioso. As duas moradoras de Campo Grande trabalham juntas e foram apresentadas à obra dele por uma terceira amiga, que não pode estar presente.
— Estar do lado dele é uma forma de dizer obrigada por ter me ajudado a superar as tribulações da minha vida, que eu estou de pé hoje por conta da fé em dele e dele — conta Bruna, que nas mãos levava o livro “Philia”, lançado há sete meses e com mais de 1,2 milhão de exemplares vendidos.
A obra, explica Padre Marcelo Rossi, teve sua origem em um momento difícil vivido por ele mesmo:
— Eu passei por um período de depressão e escrevi o livro. Com ele, graças a Deus tenho ajudado muitas pessoas. Se você colocar no Google “Fotos do Padre Marcelo de 98”, nunca nenhum padre tinha cantado em uma rede de televisão laica do mundo, tudo que era lugar para mostrar o Evangelho eu fui. E o tempo foi passando. A gente escuta muita coisa, ouve muitos problemas e não coloca para fora, a gente somatiza eles. Fui tomando anti-inflamotório, que incha o organismo e parei de fazer minha ginástica. O básico em um ser humano é corpo, mente e espírito. Eu estava cuidando do espírito e da mente mas o corpo, zero. Meu corpo chegou ao limite e me cobrou. E aí veio a pressão, mas hoje graças a Deus estou bem. Ontem mesmo caminhei 20 km. Hoje só não caminhei porque ontem fiquei seis horas no Aeroporto de Congonhas e preferi descansar –— disse ele.
Quando perguntado se alguma fez já teve seu trabalho como religioso posto à prova, padre Marcelo Rossi não titubeou:
— Quando eu comecei, as pessoas questionariam. Hoje elas entenderam que essa é minha missão: ser padre. As pessoas vêm aqui e se emocionam, abrem o coração. Minha missão é levar Jesus, dar um abraço e um carinho e fazer o que ninguém faz. Já viu alguém não distribuir senhas em Bienal?
Fonte: Jornal Extra