Metade da bancada baiana na Câmara Federal será formada por milionários na próxima legislatura. Vinte dos 39 deputados federais baianos têm patrimônio superior a R$ 1 milhão, segundo as declarações de bens feitas pelos candidatos à Justiça Eleitoral. Já na Assembleia Legislativa da Bahia, 43% dos representantes eleitos possuem mais de R$ 1 milhão na conta bancária, ou seja, 27 dos 63 deputados estaduais.
Eleito deputado federal pela primeira vez nesta eleição, o tucano João Gualberto foi o candidato que declarou o maior patrimônio ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE): cerca de R$ 68 milhões.
Gualberto abriu na Bahia a rede de supermercados Hiperideal, é proprietário da distribuidora de bebidas Tio Sam e um dos sócios da Rede Mix. Foi prefeito do município de Mata de São João entre os anos de 2004 e 2012.
Completam a lista dos cinco deputados federais eleitos com maior patrimônio Paulo Magalhães (PSD), com R$ 14 milhões, Cláudio Cajado (DEM), com R$ 7,8 milhões, Lúcio Vieira Lima (PMDB), com R$ 7,7 milhões, e José Carlos Aleluia (DEM), com R$ 5,2 milhões.
Assembleia
Reeleito para o 9º mandato na Assembleia Legislativa, o deputado Reinaldo Braga (PR) lidera em patrimônio declarado entre os estaduais eleitos, com R$ 9,3 milhões. Em 2010, ele havia declarado um total de R$ 4,3 milhões em bens. Em quatro anos, portanto, sua evolução patrimonial foi de 116%. Na sequência dos mais ricos da AL-BA, aparecem Fábio Souto (DEM), com R$ 8,5 milhões, Robinho (PP), com R$ 5,7 milhões, Nelson Leal (PSL), com R$ 4 milhões, e Jurandy Oliveira (PRP), com R$ 3,1 milhões.
Questionado sobre quanto gastou na campanha deste ano, Braga disse que foi “mais ou menos igual, ou um pouco mais” em relação à ultima eleição, sem saber o valor exato. Em sua segunda prestação de contas à Justiça Eleitoral, não constavam quaisquer valores correspondentes a receitas ou despesas. A prestação de contas final dos candidatos deve ser feita até o dia 4 de novembro.
Terceiro lugar em patrimônio declarado entre os eleitos para a Câmara Federal, o deputado Cláudio Cajado diz que com certeza gastou mais nesta eleição do que na anterior, mas afirma que também está “fechando” as despesas. “Vou me reunir com o contador na próxima semana para ter um apanhado geral”, afirma.
O democrata aponta ainda para uma desatualização dos dados informados pelos candidatos ao TSE, o que sugere que o número de milionários eleitos em 2014 pode ser ainda maior. “Tem gente que não atualiza os valores dos bens há 15, 20 anos. Na minha opinião, existe uma falha na legislação, que deveria exigir uma atualização maior”, diz.
O deputado discorda de ser apontado como um dos mais ricos. “É mito dizer que sou um dos que têm maior patrimônio. Tem um ‘vizinho’ meu que pode se comparar o quanto ele diz que tem com a campanha que ele fez”, afirma Cajado, que tem atuação reconhecida na Região Metropolitana de Salvador. Segundo Cajado, o aumento das despesas na sua campanha se justifica pela tentativa de alcançar regiões onde não tinha ainda atuação política. “Antes, eu tinha uma base de 48 cidades, agora são 65 municípios”, compara.
Recursos pessoais ajudam a eleger
Apesar de não haver uma relação direta entre os candidatos mais ricos e aqueles com maior número de votos, o dinheiro tem uma importância cada vez maior para conseguir se eleger. A avaliação é dos próprios políticos.
“Acho que a questão do peso econômico está cada vez mais evidenciada, infelizmente. Não tenha dúvida disso”, assinala o deputado federal Cláudio Cajado, que ocupa o 3º lugar em patrimônio declarado entre os eleitos para a Câmara dos Deputados.
“Eu acho que tem essa preponderância. No meu caso, como já tenho vários mandatos e muitos amigos, não é bem assim. Mas, para quem está ingressando na política, o negócio pega”, afirma Reinaldo Braga (PR), o deputado estadual com maior valor em bens declarados.
Outro dado mostra que, com dinheiro para gastar em uma campanha, o candidato pode estar mais perto de obter sucesso nas urnas. Dos 10 candidatos com maiores declarações de bens feitas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas dois não se elegeram: Geddel Vieira Lima (PMDB), que disputou o Senado, e Fernando Torres (PSD), que tentava se reeleger deputado federal.
O peemedebista declarou R$ 5,9 milhões, enquanto Torres declarou R$ 5,4 milhões. Os outros oito mais ricos venceram nas urnas. A lista é formada, na ordem, por João Gualberto (PSDB), Paulo Magalhães (PSD), Reinaldo Braga (PR), Fábio Souto (DEM), Cláudio Cajado (DEM), Lúcio Vieira Lima (PMDB), Robinho (PP) e José Carlos Aleluia (DEM).
Mais “pobres”
Entre os eleitos, os deputados federais baianos com menor patrimônio declarado são Valmir Assunção (PT), com R$ 184 mil, e Udulrico Júnior (PTC), com R$ 175 mil. Na AL-BA, o posto fica com Marco Prisco (PSDB) – terceiro mais votado – com R$ 69 mil, e Gika (PT), com R$ 11 mil. Fátima Nunes (PT) e Zó (PCdoB) não declararam nada à Justiça Eleitoral.
Fonte: Portal A Tarde