Noventa e oito militares da reserva reiteraram, em nota divulgada nesta terça-feira (28), recentes críticas feitas por clubes militares à presidente Dilma Rousseff e afirmaram não reconhecer autoridade no ministro da Defesa, Celso Amorim, para proibi-los de expressarem suas ideias, informa a Folha. Intitulado “Eles que Venham. Por Aqui Não Passarão”, o documento também ataca a Comissão da Verdade, que investigará mortes, torturas e desaparecimentos durante a ditadura militar.
O colegiado não terá o poder de punir nenhum envolvido nos episódios e aguarda apenas a indicação dos membros para ser instalada. O texto foi publicado no site A Verdade Sufocada, mantido pela mulher de Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel reformado do Exército e um dos que assinam o documento.
Ex-chefe do DOI-Codi (aparelho da repressão do Exército) em São Paulo, Ustra é processado na Justiça, acusado de torturar presos políticos na ditadura. Ele nega os crimes. A nota desta terça apoia outra, do último dia 16, na qual os clubes Militar, Naval e de Aeronáutica afirmaram que Dilma não cumpria a sua função de estadista ao não “expressar desacordo” com declarações feitas por auxiliares do PT sobre a ditadura.
Sobre a intervenção feita por Amorim para apagar o incêndio da primeira publicação, os militares escreveram: “Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do manifesto do dia 16, retirado da internet por ordem do ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo”.