Projetos de turnês musicais que abordam temas ecológicos estão na lista de aprovados em fevereiro de 2014, pelo Ministério da Cultura, para captar recursos da Lei Rouanet. Milton Nascimento faz homenagem ao projeto ambiental Tamar em proposta de R$ 957 mil para shows e CD com o Dudu Lima Trio. Outra proposta, da banda de pagode Jeito Moleque, pede R$ 2,4 milhões para turnê e DVD “ambientalmente responsáveis”, que inclui plantio de 2 mil árvores para “emissões de gases do efeito estufa geradas com as realizações dos shows”.
Os dois projetos foram aprovados com poucos cortes de verba pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), que se reúne mensalmente para avaliar propostas. Os artistas também podem contar com a renda extra de ingressos a preços populares, que se somam ao valor total liberado para captação de patrocínio pela Lei Rouanet.
A lei tem objetivo de incentivar ações culturais. A aprovação do Ministério não significa que o projeto será patrocinado. É apenas o aval para que o artista busque o incentivo junto a empresas, que têm em troca abatimento de impostos correspondente ao valor investido no projeto. O prazo é de um ano para captação e pode ser renovado por seis meses. A comissão de avaliação reúne representantes de artistas, empresários e sociedade civil.
Os shows com Milton Nascimento poderão captar R$ 813 mil, dos R$ 957 mil solicitados. Grande parte do corte da CNIC foi feito nos cachês do cantor. Para cinco shows, a proposta era dar ao músico um total de R$ 285 mil, na soma de cachês. A comissão liberou R$ 150 mil de cachê total. Também foram aprovados R$ 57 mil para participação do cantor na gravação de sete faixas.
O Jeito Moleque poderá captar R$ 2,2 milhões, dos R$ 2,4 milhões solicitados. A comissão aprovou o pagamento para o grupo de cachês que somam R$ 300 mil em seis shows. Além dos cachês, os orçamentos incluem todos os itens de produção dos shows e CD (no caso de Milton) e DVD (no cado do Jeito Moleque).
‘Peso positivo’
Outro projeto musical com cunho ambiental aprovado pela Lei Rouanet em fevereiro, “Cantado e Cultivando”, foi apresentado pelo cantor Rangel Nabi Ribeiro, que já participou de programas de calouros de TV. Uma apresentação musical única em Ribeirão Preto com público previsto de 2 mil pessoas, com o “tema da cultura da reciclagem”, foi aprovada no valor de R$ 582 mil. Rangel diz ao G1 que falar de ecologia “pode ter um peso positivo na aprovação e a captação” do patrocínio.
O G1 entrou em contato com a produção de Milton Nascimento e Jeito Moleque na segunda-feira (17), para comentar os projetos, mas não teve resposta até a noite de terça-feira (18).
Milton em prol de tartarugas
O projeto de Milton Nascimento e Dudu Lima Trio tem como um dos objetivos “sensibilizar o grande público para a necessidade de promover a conservação ambiental, em especial, dos mares, oceanos e as tartarugas marinhas”, segundo texto apresentado ao MinC. O cantor e o grupo pretendem fazer cinco apresentações em bases do projeto Tamar e gravar um CD com sete faixas. Grupos locais também devem participar dos shows. Veja a proposta e o orçamento apresentados ao MinC.
Jeito Moleque cita Wikipedia
O texto do projeto, no qual a banda de pagode se associou à empresa OAK Educação e Meio Ambiente Ltda, diz que a turnê “é ambientalmente responsável e colaborará com instituições do terceiro setor envolvidas em cada um dos biomas representados pelas cidades visitadas pela turnê.” A banda promete “distribuição gratuita de 5% dos ingressos a instituições do terceiro setor locais às cidades de apresentação, que trabalhem na conservação do bioma local”, além do plantio das 2 mil árvores.
O projeto também cita o fato de a banda “exaltar o samba de maneira atemporal”. Ao tratar do tema, o texto apresentado ao Ministério tem dois parágrafos com frases quase idênticas ao verbete “Samba” na Wikipedia.
G1