Morreu na manhã deste sábado, aos 79 anos, em decorrência de uma falência múltipla de órgãos, o filósofo, escritor, diretor teatral, dramaturgo e jornalista Luiz Carlos Maciel. A informação é da sua filha, Lucia Maciel.
Nascido em 1938, em Porto Alegre, Maciel foi uma figura-chave da contracultura no Brasil. Colaborador do semanário “O Pasquim” e diretor de redação da versão nacional da revista “Rolling Stone”, é autor de 12 livros, como “Geração em transe, memórias do tempo do tropicalismo” (1996), em que aborda diferentes momentos e obras da contracultura brasileira.
Em 1959, depois de ganhar uma bolsa da Universidade da Bahia, conheceu Glauber Rocha, de quem se tornaria amigo, e atuou no primeiro curta-metragem do diretor, “A cruz na praça”. Graças a uma bolsa da Fundação Rockefeller no ano seguinte, estudou direção teatral no Carnegie Institute of Technology, em Pittsburgh, Estados Unidos.
De volta ao Brasil ganhou fama com a coluna “Underground”, no “Pasquim”, em que tratava de temas da contracultura. Lá, ganhou o apelido de “papa do underground”. No semanário, ficou próximo de Paulo Francis, Ziraldo e Millôr Fernandes. Em 1970, chegou a ficar dois meses preso pela ditadura militar. Atuou ainda em veículos como “Jornal do Brasil”, “Última Hora” e “Veja”, entre outros, escrevendo colunas e críticas teatrais.
A partir dos anos 1960, Maciel colaborou em importantes espetáculos teatrais. Em 1967, participou do processo de criação da linguagem da montagem de “O rei da vela”, de Oswald de Andrade, pelo Teatro Oficina. É dele a direção da primeira peça de Plinio Marcos, “Barrela”, censurada já na sua estreia, em 1968. Também dirigiu os espetáculos “Boca molhada de paixão calada” (1991) e “Brida” (1991), “Fantoches” (1995), “Jango, uma tragédia” (1996), entre outros.
Formado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Maciel escreveu, em 1969, “Sartre, vida e obra”, uma biografia do filósofo e escritor francês.
Durante vinte anos, trabalhou como roteirista da Rede Globo. Em 1968, escreveu o roteiro de “O homem que comprou o mundo”, dirigido por Eduardo Coutinho. Em 2003, Maciel publicou um livro reunindo seus conhecimentos na área, “O poder do clímax — Fundamentos do roteiro de cinema e TV”, relançado este ano.




