Por Emerson Rocha e Raryane Wenethya
Foto: Emerson Rocha
Na manhã de ontem (16), a sede da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), em Juazeiro, foi ocupada por cerca de cinco mil trabalhadores ligados ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e outros grupos, vindos de 12 estados do país. A manifestação aconteceu no dia que marca a Luta pela Soberania Alimentar, data comemorada em todo mundo, tendo como principal característica o repúdio às empresas voltadas para o agronegócio.
“Hoje é o dia da alimentação e nós estamos fazendo nosso movimento em favor da soberania alimentar do povo brasileiro. Nos últimos anos muitas pessoas morreram de câncer e a gente sabe que o problema do câncer vem do veneno colocado na alimentação que a população está consumindo”, apontou Paulo Cesar, coordenar do MST na regional Norte.
Além de protestar contra as multinacionais ligadas ao agronegócio, os manifestantes pediram mais assistência do governo federal ao trabalhador do campo. “Nós sabemos que na região do São Francisco só a Codevasf pode fazer o fornecimento de água. Então por isso a gente está aqui para que seja viabilizada água nos assentamentos e nas comunidades rurais. Esta é uma pauta que precisamos debater”, disse Paulo Cesar.
“Estamos aguardando que a presidenta Dilma se pronuncie porque ela foi convocada para essa audiência pública popular do semiárido para que de fato a gente possa apresentar nossa pauta que é a questão da água, contra a permanência da Monsanto na região, as cisternas de plástico, a renegociação das dívidas e a reabertura de todas as escolinhas nas comunidades”, explicou Maria Kazé, integrante da direção nacional do MPA.
A agricultora Maria das Graças, 61 anos, veio de um assentamento no Piauí querendo do governo a renegociação das dívidas dos produtores rurais. “Está todo mundo endividado por causa da seca”, disse.
De acordo com Maria Kazé, o grupo só sairá da Codevasf após uma resposta concreta por parte do governo federal. “Se não tivermos nenhuma resposta vamos realizar outras ações”, afirmou.
Ocupação da Monsanto
Na manhã de terça-feira (15), dois mil camponeses e camponesas do Nordeste, organizados no Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), ocuparam a 36ª Unidade de Pesquisa da Monsanto no Brasil, localizada no distrito de irrigação Nilo Coelho, em Petrolina-PE.
A ocupação, segundo nota enviada pelo setor de comunicação do MPA, aconteceu como forma de denúncia aos impactos sociais e ambientais trazidos pela empresa, sobretudo com a modificação genética das sementes e a produção de agrotóxicos, que causa danos irreversíveis ao meio ambiente e à saúde humana em todo o planeta.
O Diário da Região entrou em contato com a assessoria de comunicação da Codevasf, entretanto, até o fechamento desta edição, não obteve pronunciamento do órgão sobre o assunto.