O Ministério Público do Rio Grande do Sul deu início na manhã desta quarta-feira (22) a uma nova fase da Operação Leite Compensado, que investiga a adulteração do produto por transportadores. O alvo agora são duas transportadoras localizadas em Rondinha, no Norte, e Boa Vista do Buricá, no Noroeste do estado. Até as 8h20, três pessoas foram presas. Os promotores cumpriram quatro mandados de prisão e outros quatro de busca e apreensão nos dois municípios. Um dos suspeitos já estava preso. De acordo com o promotor Mauro Rockenbach, o leite batizado era transportado pelos investigados até a Confepar, do Paraná. “Seguiam levando o leite gaúcho sabendo desde fevereiro que esse leite estava com restrição. O produto ia para Pato Branco”, disse o promotor no início da manhã desta quarta. Em nota emitida em 14 de maio, a Confepar informa que sempre cumpriu com rigor seus procedimentos e controles internos de qualidade. “A Confepar repudia ações fraudulentas, como as citadas nas investigações do Ministério Público na operação “Leite Compensado”, no Rio Grande do Sul”, cita a nota. A empresa ainda não se manifestou depois da operação desta quarta. A Confepar envasa as marcas Polly e Cativa.
De acordo com a investigação, as transportadoras adulteraram pelo menos 120 mil litros de leite nas duas cidades nos últimos três meses. O MP ressalta que este volume foi apreendido e não chegou ao mercado. Na manhã desta quarta, o leite que estava em caminhões na transportadora foi apreendido por técnicos do Ministério da Agricultura e será analisado. A previsão é que o resultado dos testes saia em até três dias.
“A indústria sabia que todo esse grupo estava com restrição por fraude de formol porque foi enviado um memorando. Eu não estou dizendo que eles industrializavam este leite, mas eles sabiam. Eles que digam o destino que deram ao leite recebido”, afirmou o promotor após as prisões.
O esquema é semelhante ao encontrado nos outros núcleos já investigados: os envolvidos misturavam água e ureia ao leite antes de levar o produto para as empresas, para dar consistência ao líquido e lucrar mais na comercialização.
Em Rondinha, no Norte, foram cumpridos três mandados de prisão e três de busca e apreensão. Um dos suspeitos, envolvido também no núcleo de Ibirubá, já estava preso. Entre os presos estão os irmãos Antenor Pedro Signor e Adelar Roque Signor, sócios de uma transportadora, e o motorista Odirlei Fogalli, que trabalhava com a dupla.
Também foi decretada novamente a prisão de Daniel Riet Villanova, já detido no Presídio Estadual de Espumoso desde a primeira fase da operação.
Em Boa Vista do Buricá, na Região Noroeste, serão realizadas buscas em caminhões, uma empresa e a casa de um empresário. A Justiça negou o pedido de prisão para um suspeito do município.
Ministério da Agricultura emitiu nota sobre problemas em fevereiro
Em nota de 18 de fevereiro de 2013, o Ministério da Agricultura alertou para a restrição ao leite cru com resquícios de formaldeído provenientes de seis postos de resfriamento no estado. No comunicado, destinado a todas as fábricas de laticínios e usinas de beneficiamento, a orientação é que o produto só seja usado para derivados lácteos, que também devem ser apreendidos pelo SIF.
Os postos citados pelo MP ficam em Selbach, Salvador do Sul, Guaporé, Sede Nova, Tapera e Vila Flores. Em 8 de maio, postos de Guaporé, Crissiumal e Selbach foram fechados.
Vereador de Horizontina foi preso
Na terça-feira (21), foi preso um vereador de Horizontina que teve a prisão negada pela Justiça na primeira fase da operação. Os promotores alegaram que havia risco de fuga.
“Repetimos o pedido porque descobrimos movimentações de que ele estava para fugir. Ele foi levado ao presídio de Santa Rosa”, disse ao G1 o promotor na manhã desta quarta.
A Operação Leite Compensado foi desencadeada no último dia 8, após a primeira fase da investigação. A ação teve como consequências a retirada de lotes do mercado (veja lista aqui) e a interdição de três postos de resfriamento e de uma fábrica em Estrela. Até o momento, a Justiça aceitou denúncia contra 13 investigados pelo esquema em Ibirubá, no Noroeste, e Guaporé, na Serra.
Na segunda-feira (20), a Justiça aceitou parcialmente denúncia contra os suspeitos de fraude do núcleo de Ibirubá. Das 12 pessoas citadas pelo MP, 11 vão responder a processo por crimes como formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e adulteração de produto alimentício. A ação correrá em segredo de Justiça. A Comarca de Guaporé, na Serra, também aceitou a denúncia do MP contra dois envolvidos no esquema no município. A partir da notificação, os réus terão prazo de 10 dias para apresentarem as defesas.
Na tarde de segunda, fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) queimaram 6,2 toneladas de leite em pó adulterado em Taquara. Cerca de 300 mil litros de leite foram apreendidos em três postos de refrigeração do estado. Do total retido, em cerca de 28 mil litros apresentaram indícios de fraude e vinham de dois entrepostos interditados no dia 8 de maio. (G1)