O Ministério Público Federal (MPF-GO) ofereceu uma segunda denúncia contra Carlinhos Cachoeira e mais 16 pessoas e pediu a prisão preventiva dos seis supostos líderes do grupo que comandava a exploração de jogos ilegais no estado e no Distrito Federal. A Justiça Federal em Goiás acolheu em parte o pedido e determinou nesta quarta-feira (21) o recolhimento dos passaportes dos envolvidos, em um prazo de 48 horas. Também comunicou à Interpol (Polícia Internacional) que eles não podem deixar o país.
De acordo com a nota do MPF, nesse novo processo, os 17 supostos integrantes da organização criminosa irão responder pelo crime de depósito e exploração comercial de máquinas caça-níqueis, compostas por equipamentos eletrônicos sabidamente contrabandeados. Segundo o órgão, perícia feita nas máquinas apreendidas em poder da quadrilha durante a Operação Monte Carlo constataram que os equipamentos eram montados com peças contrabandeadas de países como China e Taiwan.
As 17 pessoas denunciadas nesse segundo momento também aparecem no primeiro processo. São eles: Carlinhos Cachoeira, Lenine Araújo, Geovani Pereira, José Olímpio de Queiroga, Rosalvo Simprini, Raimundo Washington Queiroga, Francisco Marcelo Queiroga, Terezinha Francisca da Silva, Valmir José da Rocha, Antônio José Sampaio, Danilo Dias Dutra, Fernando César da Silva, Rita de Cássia Moreira da Silva, Arnaldo Rúbio, Paulo Roberto de Almeida Ramos, Thiago de Almeida Ramos.
Se condenados, os envolvidos podem pegar, por crime, penas de até quatro anos de reclusão, variando de acordo com o nível de participação nos esquemas da organização criminosa, além das penas previstas na primeira denúncia, quando 80 pessoas foram processadas.
Nova prisão
O pedido de prisão preventiva, segundo o MPF, seria para evitar uma possível fuga e leva em consideração “o poderio econômico dos acusados, a existência de outras ações penais, a influência econômica e política exercida por eles, bem como a situação de fuga de Geovani Pereira da Silva”. De acordo com a investigação, Geovani seria o contador da quadrilha.
Antes de decidir sobre os seis pedidos de prisão presentiva, o juiz responsável pelo caso, Alderico Rocha Santos, deverá ouvir a defesa dos envolvidos. Nenhum dos 17 denunciados nesse novo processo podem deixar a cidade onde reside sem autorização prévia do juiz.
Liberação
Carlinhos Cachoeira deixou o complexo penitenciário da Papuda, em Brasília, nesta quarta-feira após quase noves meses preso. Ele foi condenado, na terça-feira (20), pela juíza da 5ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a cinco anos de prisão em regime semiaberto pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de influência, por tentar fraudar o sistema de bilhetagem do transporte público de Brasília. Os crimes foram apontados pela investigação da Operação Saint Michel.
O bicheiro foi solto porque tem o direito de recorrer da decisão em liberdade até o trânsito em julgado da ação (quando não há mais possibilidade de recurso). Mas a decisão que liberou Cachoeira não previa nenhuma medida restritiva.
Antes da determinação do recolhimento dos passaportes, o advogado do contravento, Nabor Bulhões, havia confirmado ao G1 que não havia nenhum impedimento legal caso o cliente quisesse viajar. A reportagem não conseguiu contato com a defesa após o anúncio do MPF.