A Polícia Civil do Distrito Federal informou nesta segunda-feira (18) que a professora de artes Cristiana Cerqueira pagou R$ 15 mil ao filho da ex-empregada da irmã para executar o coronel do Exército Sérgio Murilo Cerqueira, com quem era casada. O pagamento seria parcelado, com entrada de R$ 1 mil e o restante dividido em duas vezes.
Cristiana foi presa no sábado e nega a acusação. Horas após o crime, ocorrido na noite de sexta-feira (15), ela postou mensagens em uma rede social se dizendo de luto.
De acordo com o delegado Leandro Ritt, a irmã da professora combinou com o rapaz, que cooptou outras três pessoas suspeitas de envolvimento no crime.
A mulher teria saído com o filho da ex-empregada no dia anterior, entregado a arma e mostrado o local onde o militar deveria ser abordado. No total, oito pessoas são suspeitas de ligação com o homicídio.
Separação
O casal tem uma filha de 13 anos e, de acordo com as investigações, estava se separando.
“Eles [Cristiana e Sérgio Murilo] estavam em processo de separação há 30 dias. O tenente-coronel estava na casa de um amigo, do Exército, e a mulher ficou no apartamento funcional com a filha”, diz o delegado.
“A cunhada não confessou que planejou a execução, mas disse que a ideia era dar um tiro na perna, para que, machucado, ele tivesse de voltar para casa e reatar o casamento”, afirmou Ritt.
A investigação apontou ainda que o autor do disparo havia sido solto do presídio há dois dias. Uma das suspeitas de envolvimento no crime contou à polícia ter notado um comportamento estranho da mulher na abordagem.
“Ela disse que a Cristiana deu uma batidinha no carro e disse ‘deixa ele’. Mas então deu uma piscadinha para o Rodrigo [filho da ex-empregada, que estava dirigindo o carro]”, afirmou o delegado que investiga o caso.
Além disso, a arma usada no crime estava municiada com apenas dois dos seis cartuchos possíveis. Como o tambor girava no sentido anti-horário, diferentemente do esperado pelos criminosos, foram necessárias quatro tentativas para que o homem fosse atingido, disse o delegado.
Pensão
O diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, afirmou que a suspeita é de que Cristiana tenha ficado insatisfeita com a pensão alimentícia que receberia após a separação – R$ 2 mil – e planejou o crime, junto com a irmã, para receber a pensão por morte do militar, de R$ 10 mil. A hipótese de latrocínio foi descartada.
Oito pessoas foram presas por envolvimento com o crime: a viúva e a irmã dela, os três homens e a mulher suspeitos de tê-lo abordado e executado e os dois jovens que foram flagrados em uma festa, horas depois da execução, com o carro dele.
Um dos rapazes já havia sido detido há 15 dias por suspeita de roubo a comércio, mas foi liberado da delegacia porque a vítima não quis registrar ocorrência.
O corpo do coronel foi encontrado pela Polícia Militar às 3h de sábado (16) com um tiro na nuca no Núcleo Rural Aguilhada, em São Sebastião, região administrativa a 26 km de distância do local da abordagem. Um major do Exército acompanhou a equipe e reconheceu a vítima. A Polícia Civil apreendeu no domingo a arma usada no crime, um revólver calibre 38.
Em nota, o Exército informou que transportaria o corpo ainda no sábado para o Rio de Janeiro, onde foi sepultado. A corporação disse, ainda, que está prestado “todo o apoio à família do militar e cooperando com as investigações das polícias Civil e Militar do Distrito Federal”.
Entenda o caso
A hipótese inicial da polícia era de sequestro seguido de homicídio. O coronel e a mulher dele foram abordados na noite de sexta por quatro pessoas quando chegavam de carro a um prédio da 208 Norte. A mulher foi deixada no local, mas os criminosos mantiveram o coronel refém dentro do automóvel.
A equipe da PM achou o carro da vítima ao lado de uma casa, onde havia uma festa. Os policias esperaram a dupla deixar a comemoração para deter os suspeitos. Um adolescente de 17 anos e um adulto suspeitos de envolvimento no crime foram detidos pouco depois. Eles foram autuados por receptação.
Fonte: Portal G1