A capital baiana foi escolhida pela Fundação Cultural Palmares, instituição pública vinculada ao Ministério da Cultura, para o lançamento de um projeto nacional de capacitação de jovens negros. O evento foi realizado na tarde desta quinta-feira (18), no Palácio Rio Branco, com a presença da ministra da Cultura Marta Suplicy, do governador da Bahia Jaques Wagner, do presidente da FCP Hilton Cobra, além de políticos, outras autoridades e representantes de entidades ligadas ao movimento negro.
“A influência africana na nossa gastronomia e música é bastante conhecida. Mas nós não temos apropriação do conhecimento [africano] que veio com os escravos porque vieram pessoas qualificadas que foram aprisionadas”, disse a ministra na visita que fez ao Museu Nacional de Cultura Afro-Brasileira antes da cerimônia no Palácio Rio Branco. “A juventude negra da Bahia é enorme, magnífica, e ela tem todas as necessidades do mundo para poder atuar. É na Bahia que reverbera para o mundo”, explicou Hilton Cobra a escolha do estado para o anúncio do projeto nacional.
través de edital, serão selecionadas 10 propostas de entidades privadas sem fins lucrativos para a realização de cursos de formação profissional na área da cultura. Entre os cursos disponibilizados, estão os de desenhista de moda, artesão de biojoias, produtor cultural, web designer e outros. Serão investidos R$ 4 milhões na criação de 10 Núcleos de Formação de Agentes de Cultura da Juventude Negra (NUFAC’s), três deles na região Nordeste, que visam beneficiar 1.200 jovens em todo o país. Na Bahia, um mapeamento para a implantação do NUFAC será feito pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
“Nossas dívidas ainda são muito grandes com o povo de origem africana que se fez presente em todas as marcas da nossa sociedade”, declarou Jaques Wagner, que demonstrou interesse em ampliar a implantação do projeto na Bahia. “É pouco”, disse ele sobre a criação de apenas três núcleos no Nordeste. Em discurso, o governador também não deixou de comentar sobre a onda de protestos pelo país. “Nada melhor do que aproveitar a energia positiva das ruas para canalizar em mudanças”, afirmou.
Marta Suplicy ainda ressaltou a importância do investimento em políticas públicas para a juventude negra para coibir índices de violência. “A cultura é sempre a possibilidade de uma outra atividade. A possibilidade de atuar na cultura é muito rica e é um canal extremamente importante”. Segundo dados da pesquisa ‘Mapa da Violência 2013’, do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) e do Flacso Brasil, a Bahia teve 4.701 jovens negros vítimas de homicídios em 2011, um aumento de 266,7% em relação ao ano de 2006.
(G1)