O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta terça-feira (13), durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, que o Brasil não pode fazer papel de bobo e deixar o real flutuar livremente em um momento em que há muitos recursos disponíveis nos mercados e do que ele chama de “guerra cambial” – que é o esforço de alguns países para desvalorizar suas moedas e baratear suas exportações.
“A principal medida de defesa comercial [do Brasil] é administração do câmbio. Somos partidários do câmbio flutuante, mas não podemos fazer papel de bobos e nos deixar levar pela manipulação cambial dos países avançados. Seja pelas políticas de expansão monetária [colocação de recursos no mercado], e há países que praticam há muitos anos, como a China, que administra seu câmbio há pelo menos 20 anos”, declarou ele.
Além de ter elevado o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para empréstimos de até cinco anos do exterior de empresas e bancos brasileiros, o governo, por meio do Banco Central, também tem comprado dólares no mercado à vista para evitar uma queda maior da cotação do dólar – fator que encarece as exportações brasileiras e torna as compras do exterior mais baratas. O BC, recentemente, também dificultou o ingresso de divisas pela conta comercial.
“Os bancos e empresas, tendo em vista liquidez e juros baixos, estão tomando créditos emprestados. Estamos cobrando 6% de IOF para empréstimos abaixo de cinco anos. Quem quiser, toma [empréstimos no exterior] acima de 5 anos, que são [recursos] saudáveis, investimentos. Trazendo dólares, pressionam a valorização da nossa moeda”, explicou o ministro da Fazenda.
Segundo ele, a eficácia das medidas tomadas pelo governo federal nos últimos meses e anos é “inequívoca”. “Se não estivéssemos comprando dólares nos últimos anos, já estaríamos com câmbio em R$ 1,40 ou até menos. Com isso, toda indústria brasileira já estaria quebrada. Não teria condições de competitividade. Não conseguiria exportar nada e não conseguiria competir com as importações, que entrariam ainda mais”, afirmou Mantega. Ele acrescentou ainda que essas medidas não são suficientes para fortalecer a indústria e que outras ainda precisarão ser tomadas.