Quase duas semanas depois do crime em que um idoso foi esfaqueado diante de uma câmera conectada a um computador, a vítima voltou a Praia Grande, no litoral de São Paulo, para reconhecer dois suspeitos presos pela Polícia Civil. O aposentado ainda tem as marcas da violência, mas as cicatrizes não estão apenas no corpo.
“É difícil. Só quem passa é que pode saber realmente, porque não tem explicação, não tem uma lógica, um porquê. Nem tempo de pensar no pior dava. A única coisa que eu queria era livrar o pescoço, que estava sufocando e tentar segurar de alguma maneira as facadas. É algo que você não está esperando. Quando você está esperando alguma coisa, é diferente, mas quando você não espera, não tem reação”, explica a vítima.
O idoso ainda se recorda dos momentos após ser esfaqueado, até ser socorrido. “A lembrança que eu tenho é que era mais ou menos 2h. Eu fiquei desacordado até às 5h30. Tentei sair para a rua e procurar socorro, mas é um lugar deserto e não tinha uma viva alma. Deu tontura e eu retornei para casa e, quando cheguei na porta, apaguei de novo. Acordei só às 8h30. Uma pessoa me chamou lá fora, me viu e depois pediu um carro para me socorrer”, relata.
Os dois homens presos pela polícia foram reconhecidos pela vítima. Um terceiro continua foragido. Agora o aposentado espera por justiça. “Eu entreguei nas mãos de Deus. A Justiça de Deus é soberana. Ela que vai decidir tudo. Apesar que acredito na Justiça dos homens, que vai tirar eles da rua para que não aconteça com outros, porque só a gente que passou sabe aquilo que sente. O trabalho da polícia foi primordial. Foram atrás e não descansaram enquanto não pegaram. A gente se sente aliviado. Acredito que nos próximos dias vão prender o outro”, diz.
Quanto ao vídeo, a vítima diz não ter problemas em rever. “Faço questão de ver detalhadamente, para saber se eu errei em algum momento da minha vida. Que essas imagens possam me esclarecer a mente, para que eu não torne a errar”, conclui.