Por Lidiane Souza
O assunto debatido, discutido e comentado em março, mês que se comemora o dia mundial da água, traz à tona todas as dificuldades enfrentadas pelos rios nacionais, especialmente o nosso Velho Chico, que tem pautado a mídia nacional.
O Diário da Região não fugiu à regra e como é parceiro do Rio São Francisco tem divulgado matérias elucidando sua atual situação. Ultimamente, através do ambientalista João Bosco, que não tem medido esforços para ver mais ribeirinhos lutando em prol do maior tesouro que passa às nossas margens.
A situação degradante do São Francisco não chega a ser novidade para o ambientalista, que sempre dedicou suas energias no intuito de preservá-lo. Segundo João Bosco uma de suas iniciativas, em 2011, foi protocolar junto ao Ministério Público do Estado da Bahia, mais precisamente para a procuradora Luciana Khoury, coordenadora do Núcleo de Defesa do São Francisco, um documento com o objetivo de provocar uma discussão sobre os desmandos ocorridos por todo o rio.
No documento João Bosco traçou itens que mostram informações que comprovam crimes ambientais, fiscais e financeiros, que desde a época aguardam a aprovação da Nova Lei Ambiental, que continua sem julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. Tudo, segundo o mesmo, para ser analisado pela procuradora, lembrando ainda que os efeitos dos desmandos são ainda maiores agora em 2015. “Os efeitos desastrosos da falta de água no São Francisco vão prejudicar o econômico das cidades, desde a irrigação com a agroindústria, o comércio em geral, até a prestação de serviços e outros desastres que começam ainda este ano caso nenhuma medida venha a ser tomada”, declarou João Bosco.
Outras preocupações
A preocupação do ambientalista foi pauta de matérias nacionais, a exemplo do Fantástico, que exibiu na noite do último domingo (22) uma reportagem especial sobre o tema. Toda a mídia está falando sobre crise hídrica, cada vez mais gritante, não apenas no Nordeste, onde a seca era tida como natural, mas também no Sudeste, onde o racionamento está sendo cada dia mais visto.
Quem também escreveu sobre a questão foi o colunista Levi Vasconcelos, do A Tarde. Oportunidade que ele cita o Rio São Francisco, ou Velho Chico, afirmando que um dia já foi chamado de rio da integração nacional, está desintegrando. E mais que o lago de Sobradinho está com 18% da sua capacidade. Ano passado, nessa mesma época, tinha 54% após três anos de seca. Perdeu 20% até setembro. Já que agora, fim de verão, entra o período de chuvas escassas, como ele estará no setembro vindouro? Tal pergunta está deixando em pânico milhares de agricultores, especialmente de manga e uva, instalados ao longo das bordas do lago e do São Francisco. São 120 mil hectares irrigados, e 240 mil empregos, citou Levi.
Outra opinião que repercutiu foi a do senador Otto Alencar ao afirmar que há uma lógica invertida. Segundo Otto Alencar, presidente da Comissão do Meio Ambiente do Senado, tentar reverter o entendimento do governo sobre o tratamento dispensado ao Rio São Francisco por entender que do jeito que as coisas vão, o destino do rio é morrer. “O Orçamento da União destina R$ 1,2 bilhão para obras de transposição e R$ 160 milhões para a revitalização. Vão transpor que água? O correto é parar a transposição e apostar tudo na revitalização”, expôs.
Para o ambientalista João Bosco essa situação poderia ter sido evitada ou reduzida, caso uma solução já tivesse sido tomada. “Mas agora não adianta chorar pela falta de água é preciso arregaçar as mangas e provocar o governo para que atitudes imediatas e urgentes sejam tomadas em prol não apenas do rio, mas de todos que dele dependem”, finalizou.