O governo federal publicará nesta quarta-feira (23) o edital de licitação do mais caro contrato de toda a transposição das águas do Rio São Francisco, orçada em R$ 6,9 bilhões. Esse é o último dos 14 pacotes originais do projeto a ser licitado e nunca teve qualquer obra iniciada. O contrato é para a construção de barragens em Jati, no Ceará, e é estimado em R$ 650 milhões.
A transposição é composta por dois grandes canais, o Eixo Leste e o Norte. O primeiro, de 220 quilômetros, beneficiará Pernambuco e Paraíba. O outro, de 402 km, cortará esses Estados mais Rio Grande do Norte e Ceará.
O projeto foi dividido em 14 lotes com execução da iniciativa privada. Outros dois (os chamados canais de aproximação, que são pontos de captação dos dois eixos da transposição) ficaram sob a responsabilidade do Exército.
Todos eles já haviam começado a sair do papel, menos dois lotes. O penúltimo a ser iniciado foi o lote 8, de R$ 275,9 milhões, para a construção de estações de bombeamento em Cabrobó, assinado no dia 20 do mês passado com o consórcio Mendes Júnior/GDK.
No último dia 7, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, adiantou que o último lote da transposição, o de número 5, teria sua licitação lançada hoje. Procurado pela reportagem ontem, o Ministério se pronunciou através de nota.
A primeira versão do projeto de transposição do Rio São Francisco remonta ao Brasil Império. Mas ela só começou a virar realidade no governo Luiz Inácio Lula da Silva. O conceito é o mesmo: retirar água do rio para dar de beber aos nordestinos. Pela estimativa do governo, quando a obra estiver concluída, beneficiará 12 milhões de pessoas.
Na mesma data em que antecipou o lançamento do novo edital, Bezerra Coelho explicou que a transposição não prevê levar água a quem não está incluído na rede de fornecimento. O projeto é de segurança hídrica, para evitar situações como a de Caruaru, no passado: a cidade tinha água na torneira água só um dia por mês.