Enquanto ainda contabilizam os prejuízos e reúnem forças após o rompimento de três barragens na cidade de Pedro Alexandre, que trouxe transtornos também ao município vizinho de Coronel João Sá, no nordeste da Bahia, os moradores dos dois locais ainda se questionam sobre quando vão voltar para suas casas que foram interditadas pela Defesa Civil do estado da Bahia, devido aos estragos causados.
Atualmente, segundo o órgão, 24 pessoas estão desabrigadas e outras 450 desalojadas em Pedro Alexandre. Já em Coronel João Sá, esse número é ainda maior: são 320 desabrigados e 2080 desalojados. No geral, são 2.904 pessoas nesta situação. Esse grupo foi alocado em diversos prédios públicos das duas cidades, a exemplo de colégios municipais, ginásio esportivo e centro cultural.
“Acreditamos, por outro lado, que esses índices devem diminuir, uma vez que o sol voltou e nem todas as casas que foram interditadas inicialmente podem não apresentar risco aos moradores. Mas, estamos fazendo uma avaliação criteriosa disso”, explicou o titular da Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado (Sudec), Paulo Sérgio Menezes Luz, que esteve no último final de semana na região afetada.
De acordo com ele, cerca de 200 imóveis, nas duas cidades, estão sendo avaliados quanto à possibilidade de demolição. A certeza do processo se dará de duas formas: se a casa está com rachaduras – o que compromete a estrutura dela –, e se a mesma estiver em um nível próximo ao do Rio do Peixe, que corta as duas cidades. “Se for comprovado que o imóvel precisará ser demolido, as famílias afetadas vão receber o Aluguel Social, enquanto aguardam a construção de novas casas, cujos recursos já estão garantidos pelo governo federal”, disse o superintendente.
Outras estruturas e equipamentos também foram ou estão sendo avaliados pelos agentes da Defesa Civil do estado. O primeiro trabalho foi realizado na barragem Boa Sorte, cujo estado foi considerado crítico por Paulo Sérgio Menezes Luz.
“Nela, foi feito um rebaixamento do sangradouro para que a água saísse por uma valeta na parte lateral da barragem. A água já baixou bastante, o que diminui o risco de a barragem vir a romper, através de um trabalho preventivo”, comentou. A ponte que dá acesso a Coronel João Sá, que chegou a ser interditada, também está sendo avaliadas quanto às condições da estrutura.
Capacitação
Para evitar que novos transtornos como esse ocorram, o titular da Sudec pontuou que uma força-tarefa será formada, no semi-árido baiano, para capacitar prefeituras, cooperativas e proprietários de comunidades rurais.
“A Defesa Civil vai ministrar cursos, dando noções de manutenção para eles possam manter as barragens em uma condição relativamente segura. Para se ter uma ideia, boa parte dessas barragens sequer possui sangradouro. De cada quatro barragens de terra que se rompem, uma é por conta de sangradouro subdimensionado, pequeno demais para agüentar uma grande quantidade de água”, disse Luz.
Fonte: Tribuna da Bahia