A Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), com toda experiência e sua sabedoria, estabeleceu um modelo de ocupação nos seus Projetos Públicos de Irrigação vitorioso, contemplando pequenos (6 a 10 hectares), médios (10 a 50 hectares) e grandes (50 a 150 hectares) produtores.
No Projeto Nilo Coelho, localizado em Petrolina, com área irrigada de 15 mil hectares, foram beneficiados 1559 pequenos produtores (unidades familiares) e 170 empresas, entre médios e grandes produtores. No Maria Teresa, também em Petrolina, com área irrigada de 4.088 hectares, foram 415 unidades familiares e 36 empresas.
A ideia de destinar lotes para grandes produtores era para que eles ao adotarem tecnologias modernas de produção, servissem de exemplo para os pequenos e médios produtores. Era o modelo mundial. É assim que se fez na Espanha, no México, na Argentina e até nos EUA, cujos últimos projetos implantados contemplavam unidades familiares para a população indígena daquele país. De mãos dadas, o Setor Público construindo os canais, e o Privado gerando emprego e renda com base nas culturas irrigadas.
Ressalte-se que o Nilo Coelho e o Maria Teresa são projetos de irrigação bem sucedidos, economicamente fortes e a expectativa que se tem é que eles continuem crescendo cada vez mais. São projetos emancipados, cuja administração e operação são feitos pelos próprios usuários por meio de um distrito. Era uma idéia democrática que buscava a transformação do trabalhador rural em um proprietário. O Projeto Pontal, com área irrigada de 7.641 hectares, foi concebido seguindo este modelo de ocupação. O parcelamento do projeto original previa 638 lotes para os pequenos e 92 lotes para empresas. Acrescente-se que quando da desapropriação das áreas no inicio da implantação do projeto, a CODEVASF negociou com os proprietários das terras que eles poderiam ser contemplados com lotes irrigados, desde que preenchessem os requisitos básicos exigidos pela empresa.
A região do sub-médio São Francisco apresenta uma massa fantástica de pessoas qualificadas que poderiam participar da licitação para adquirir um lote neste projeto. Aqui foram criados núcleos educacionais voltados para o campo agropecuário, a exemplo do Instituto Federal de Tecnologia e Educação (IF-Sertão), cursos de Administração com nível médio e superior, uma Escola de Agronomia na cidade de Juazeiro e duas Escolas de Agronomia em Petrolina. Esses jovens estavam na expectativa de serem selecionados para os lotes do Pontal.
Os donos do poder não querem que o Pontal siga o mesmo modelo do Nilo Coelho e do Maria Teresa. Esse modelo de PPP é estranhamente socialista. Na realidade é mega capitalista. Ao invés de beneficiar vários cidadãos, beneficia apenas um grande proprietário.
Eu quero dizer, que suspeito muito do sucesso deste modelo de PPP que está sendo adotado. Os projetos Nilo Coelho e Maria Tereza constituem patrimônio produtor e produtivo de Petrolina que a impulsiona para o desenvolvimento e para o progresso e tem sido apontada por muitos como o Brasil que deu certo.
Os senhores de Brasília estão distantes da nossa realidade e tomam atitudes e decisões incompreensíveis. Foi retirada dos estudantes e dos técnicos de ciências agrárias a oportunidade de terem um lote no Projeto Pontal. Esse novo modelo não tem compromisso com nenhum deles.
Isso chama-se um Pontal Errado.
Osvaldo Coelho
Deputado Federal por oito mandatos (DEM)/ 81 anos