A jornalista diz “o que aconteceu no estado do Rio Grande do Sul vai se repetir em outros lugares do país caso as autoridades continuem se movendo apenas depois que as chuvas caem”.
De acordo com Clarrisa, em seu editorial, o roteiro é sempre o mesmo: ocorre uma tragédia ambiental, políticos e autoridades sobrevoam a região devastada, governantes declaram estado de calamidade pública e, como se não tivessem culpa no cartório, anunciam a liberação emergencial de recursos para remediar os estragos. Foi assim nas enchentes em São Paulo que resultaram na morte de 65 pessoas no ano passado. Foi assim nas enchentes em São Paulo que resultaram na morte de 65 pessoas no ano passado. Foi assim quando fortes chuvas provocaram deslizamentos de terra na Região Serrana do Rio e 918 mortes. Está sendo assim, agora, no Rio Grande do Sul. No último domingo, 5, o estado recebeu uma comitiva formada pelo presidente da República, os chefes da Câmara, do Senado e do Tribunal de Contas da União.
Inundações, mortes e pessoas que perderam tudo. Apesar dos avisos, tudo isso voltou a ocorrer – e ainda ocorre – no Rio Grande do Sul, que sofre com fortes chuvas desde o dia 29 de abril. Reportagem de capa de VEJA mostra que por trás da tragédia no estado, que deixou até o momento centenas de mortos e um rastro de dor e destruição, está o despreparo e o descaso do poder público. Prevenir é melhor do que remediar, mas caso as autoridades continuem sempre se movendo depois que as chuvas caem, o cenário de destruição visto no RS vai voltar a ocorrer por lá e em outros lugares do país. Trata-se, portanto, de mais um alerta para o futuro. Que os governantes aprendam de uma vez por todas.
Pelo histórico de inação do poder público, não é exagero apostar que a promessa, como ensina o roteiro de sempre, não será cumprida. Afinal de contas, boa parte dos atores que hoje estendem a mão para o estado tem seu naco de responsabilidade na tragédia. Apesar dos alertas dos especialistas e da gravidade da questão ambiental, o tema não sensibiliza a classe política, que prefere dedicar energia e verbas a obras com mais apelo eleitoral. Como consequência, a população fica desprotegida.
Foi sempre assim.
Segundo o pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e co-presidente do Painel Científico para a Amazônia, Carlos Nobre, é preciso haver conscientização sobre as mudanças climáticas.
“Todo mundo precisa abrir o olho. No mundo inteiro, esses fenômenos extremos estão acontecendo. Em 2021 tivemos recorde de chuvas em uma parte da Europa, e morreram mais de 100 pessoas. Em 2022, houve recorde de chuva no Grande Recife e, em duas horas, em Petrópolis. No ano passado, em fevereiro, tivemos o maior volume de chuva da história do Brasil com 600 milímetros (mm) em 24 horas no litoral norte de São Paulo, na cidade de São Sebastião”, disse o climatologista em entrevista à Agência Brasil.
Redação REDGN com informações Revista Veja e Agencia Brasil
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