Após novas denúncias do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, líderes dos partidos de oposição na Câmara dos Deputados articulam para a CPI mista que investiga a estatal convocar uma sessão extraordinária nesta semana.
O PPS já protocolou requerimento pedindo uma reunião antes do dia 22 de outubro, quando já está marcado o depoimento de José Carlos Cosenza, sucessor de Costa na diretoria de Abastecimento. PSDB, SD e DEM também vão entrar com pedidos no mesmo sentido.
Para o deputado Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara, a sessão extra é “imprescindível”. O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), também vê a realização de uma reunião nesta semana como “inevitável” diante da “gravidade das denúncias”. “As últimas revelações dão conta da existência de um esquema de arrecadação ainda maior que o mensalão”, afirma.
O líder do Solidariedade, deputado Fernando Francischini (PR), engrossa o coro. “O governo vai fazer de tudo para varrer para debaixo do tapete. Queremos botar pressão porque, senão, vai acabar numa pizza sem tamanho.”
A convocação de uma reunião extra depende do presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). A reportagem tentou entrar em contato com o parlamentar, mas sem sucesso.
Os oposicionistas querem que o doleiro seja ouvido com “urgência”, além de convocar novas pessoas citadas nos depoimentos de Youssef e Costa à Justiça. Os dois contaram em detalhes o caminho que o dinheiro de suborno pago por empreiteiras contratadas pela Petrobras percorria até chegar ao caixa 2 do PT, PMDB e PP.
Youssef disse ainda que era “apenas uma engrenagem” do esquema e que haveria “gente muito mais elevada acima disso, inclusive acima de Paulo Roberto Costa, no caso, agentes públicos”.
Entre as pessoas que a oposição quer convocar estão o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, apontado como operador da propina paga ao PT, e Renato Duque, diretor de Serviços da Petrobras de 2003 a 2012, área responsável por obras suspeitas de irregularidades.
Contadora
A oposição também quer pressionar para ouvir Enivaldo Quadrado, ex-sócio na corretora de valores Bônus Banval e que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no esquema do mensalão.
A ex-contadora de Youssef, Meire Poza, disse à CPI na semana passada que Quadrado também tinha participação no esquema, que teria, inclusive, arcado com a multa que ele recebeu por conta da sua condenação no STF.
Os parlamentares oposicionistas pretendem ainda colocar em votação requerimentos apresentados há quase cinco meses e que nunca foram apreciados. Entre eles, pedidos de quebras de sigilos fiscal, bancário e telefônico de empreiteiras que celebraram contratos suspeitos de superfaturamento com a Petrobras, como Camargo Correa, OAS e Queiroz Galvão.
O líder do PPS na Câmara também reivindica o envio de informações sigilosas de empresas que teriam sido usadas como laranjas pelo doleiro. “Precisamos rastrear esse dinheiro sujo para que possamos saber como era dividido entre partidos, políticos, operadores e diretores da empresa petrolífera e a quem beneficiavam”, argumentou o parlamentar paranaense.
Em depoimento à CPI mista, a ex-contadora de Youssef disse que seu escritório emitiu R$ 7 milhões em notas frias a empresas de Youssef, entre elas a GFD (holding que administrava hotéis), a Graça Aranha (holding da operadora de turismo Marsans) e a Malga Engenharia. As três poderão ter seus sigilos quebrados.
Fonte: Portal G1