Para Janot, decisão do STF foi “histórica” e fortalece instituto da delação premiada

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, classificou nesta quinta-feira como “histórica” a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que validou homologação dos acordos de colaboração premiada feita pelos executivos da JBS e destacou que o instituto da delação sai fortalecido.

Para Janot, a possibilidade de revisar, logo após a homologação do acordo, seus termos levaria a uma “insegurança enorme” aos colaboradores, podendo acarretar quebra de confiança e do princípio da segurança jurídica.

“O recado que se passa hoje, de forma clara, é que os acordos firmados, desde que obedeçam a legalidade e que o colaborador cumpra todas as condições a que se comprometeu no acordo, esse acordo será mantido”, disse.

Em entrevista na saída do julgamento,  Janot não quis se manifestar sobre a escolha do presidente Michel Temer –denunciado por ele– de indicar na quarta-feira à noite a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge para substituí-lo a partir de setembro, quando acaba o seu mandato. Raquel é opositora de Janot dentro do Ministério Público Federal (MPF).

O procurador-geral minimizou a decisão do STF que, após quatro sessões do julgamento, concluiu que as colaborações dos executivos da JBS poderão ser revistas por um órgão colegiado no momento da sentença se os termos do acordo não forem cumpridos ou ficar caracterizado flagrante ilegalidade.

Para Janot, não era sequer necessário que o Supremo dissesse isso. “Ninguém aqui quer agasalhar a ilegalidade”, disse ele, para quem isso é “óbvio”. Ele citou o  exemplo utilizado pelo ministro Alexandre de Moraes durante o julgamento, de que um acordo poderia ser revisto futuramente se ficar caracterizado que a colaboração foi firmada sob tortura, por exemplo.

“O que não se pode admitir, e o Supremo foi muito objetivo ao afirmar assim, é que um acordo que não seja ilegal e um acordo que o colaborador cumpra todas obrigações a que ele se comprometeu, possa ter as suas cláusulas revistas quando do julgamento da ação penal”, destacou.

VINCULAÇÃO

O chefe do MPF disse que o debate sobre o uso do termo “vinculação”, utilizado inicialmente pelo relator do caso, Edson Fachin, em seu voto, era apenas “semântico”.

Em seu voto, Fachin havia se manifestado a favor de “vincular” o Supremo aos termos da homologação da delação feita por um único ministro. A exceção, segundo ele, ocorreria em casos de ilegalidade flagrante.

Depois Fachin aceitou a sugestão feita por Alexandre de Moraes segundo a qual a regra seria os ministros manterem, no momento da sentença, os termos da delação, exceto em caso de ilegalidade e descumprimento do acordo.

Janot rebateu as alegações feitas por alguns ministros do STF que os executivos da JBS não poderiam firmar acordo de delação por serem líderes de organização criminosa.

Ele afirmou que, a seu juízo, os agentes públicos é que seriam os líderes da organização criminosa e não os executivos do grupo.

“A liderança da organização criminosa aponta para o lado oposto, são agentes públicos que operaram sobre essa questão”, defendeu.

Segundo o chefe do MPF, cabe ao Supremo a investigação dessa organização criminosa. Atualmente, há um inquérito que investiga o presidente Michel Temer e outras autoridades por esse crime. Ele disse que o MPF em São Paulo “equivocadamente” afirmou que os executivos da JBS é que seriam os líderes dessa organização.

Fonte: Reuters

Leave a Comment

Your email address will not be published.

Política Relevantes

“Estamos a caminho de um suicídio planetário”, diz climatologista

post-image

O climatologista Carlos Nobre, referência mundial sobre o tema, considera insuficientes as propostas apresentadas até agora pelos países na 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que está sendo realizada em Baku, no Azerbaijão.

Segundo Nobre, as partes do Acordo de Paris ainda não foram capazes de avançar na meta de reduzir as emissões do planeta de gases de efeito estufa em 43% até a COP28 e, se fossem capazes, essa estratégia não seria mais eficiente para manter o aumento da temperatura planetária em 1,5 grau Celsius (ºC) acima do período pré-industrial. “Nós já estamos há 16 meses com a temperatura elevada em 1,5 grau. Existe enorme risco de ela não baixar mais. A partir de agora, se ficar três anos com 1,5 grau, a temperatura não baixa mais”, afirma.

Alcançar os 43% já…

Read More
Política Relevantes

Reunião de cúpula do G20 decidirá sobre taxação de super-ricos

post-image

A reunião de cúpula do G20 decidirá, na próxima semana, sobre a principal proposta do Brasil durante a presidência no grupo. Os chefes de Estado e de Governo das 19 maiores economias do planeta, mais União Europeia e União Africana debaterão a taxação dos super-ricos como fonte de financiamento para o combate à desigualdade e o enfrentamento das mudanças climáticas.

Apresentada pelo Brasil em fevereiro, durante a reunião dos ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais do G20, em São Paulo, a proposta foi mencionada como ambiciosa pelo próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A presidência brasileira no G20 defende um imposto mínimo de 2% sobre a renda dos bilionários do mundo, que arrecadaria entre US$ 200 bilhões e US$ 250 bilhões anualmente, conforme um dos autores da proposta, o economista francês Gabriel Zucman.

Política Relevantes

Biden liga para Lula e confirma vinda ao Rio para Cúpula do G20

post-image

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou na tarde desta quinta-feira (7), por telefone, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ligação durou cerca de 30 minutos, informou o Palácio do Planalto. A iniciativa da conversa foi do norte-americano, que confirmou sua vinda para Cúpula de Líderes do G20, nos dias 18 e 19 deste mês, no Rio de Janeiro.

Ainda segundo o Planalto, Biden confirmou a decisão do governo americano de aderir à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. Os dois trataram ainda da visita prevista do presidente Biden a Manaus, antes da cúpula, e acertaram a realização de reunião bilateral no Rio de Janeiro. Os detalhes da agenda no Amazonas não foram divulgados até o momento, mas a visita envolverá ações de enfrentamento às mudanças climáticas e proteção das florestas. 

Petrolina Política

Guilherme Coelho representará a fruticultura em assinatura de pacto que orientará sobre a contratação de beneficiários do Bolsa Família como safristas

post-image

A convite do presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), Guilherme Coelho, os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho e do Desenvolvimento Social, Assistência, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, cumprirão agenda na cidade de Petrolina -PE no próximo dia 13 de novembro. A cidade foi escolhida para receber a cerimônia de participação do setor da fruticultura no Pacto Nacional do Trabalho Decente no Meio Rural.

O PACTO (Decreto nº 12.064, de 17 de junho de 2024 ) tem o objetivo promover e orientar sobre a possibilidade de contratação dos beneficiários do Bolsa Família como safristas. “O pacto será importante para que os beneficiários, cumprindo alguns requisitos, poderão  trabalhar como safristas na produção de frutas sem perder a renda oferecida pelo programa. Poderemos assim, amenizar os impactos causados…

Read More
Política Relevantes

Donald Trump é eleito presidente dos EUA

post-image

6 novembro 2024, 07:49 -03

Donald Trump é o vencedor das eleições presidenciais (acompanhe aqui nossa cobertura ao vivo) nos EUA se tornando o 47º presidente do país.

A vitória de Trump foi confirmada assim que os Estados de Wisconsin e Alasca divulgaram o resultado final da apuração dando ao republicano 13 cadeiras adicionais garantindo 279 assentos e maioria no Colégio Eleitoral.

Se antecipando à divulgação do resultado final, Donald Trump fez, na manhã de quarta-feira (06/11), discurso de agradecimento aos eleitores se declarando vencedor.

Falando em um centro de convenções na Flórida, Trump disse que era uma honra extraordinária receber do povo americano o poderoso mandato que lhe tornava o 47º presidente dos Estados Unidos, depois de já ter sido o 45º.

A vitória de Trump ficou mais…

Read More
Política Relevantes

Em 1º discurso após derrota, Kamala Harris defende transição pacífica e união nos EUA

post-image

A vice-presidente Kamala Harris discursou pela primeira vez, na tarde desta quarta-feira (6), após ser derrotada nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Ela defendeu uma transição pacífica de poder para a nova gestão de Donald Trump e pediu a união entre os norte-americanos. Assista na íntegra no vídeo acima.

Segundo projeções da Associated Press, Kamala deve conquistar 226 delegados no Colégio Eleitoral. Eram necessários 270 para vencer as eleições. Trump alcançou essa meta durante a manhã desta quarta.

Kamala iniciou o discurso agradecendo pela confiança do público. Ela também citou a própria família, o presidente Joe Biden e o vice dela na chapa, Tim Walz.

“Meu coração está pleno de gratidão pela confiança que vocês tiveram em mim. Está também cheio de amor pelo nosso país e pela vontade de seguir adiante”, disse.

Política Relevantes

Resultado das eleições definirá política externa dos Estados Unidos

post-image

Os reflexos da eleição que definirá, nesta terça-feira (5), quem será o futuro presidente dos Estados Unidos (EUA) vão muito além das fronteiras norte-americanas, tamanha influência que a maior potência militar do mundo tem no cenário externo.

Especialistas ouvidos pela Agência Brasil avaliam que tal influência não se restringe às atuais áreas de conflito na Europa e no Oriente Médio. Brasil, América Latina e China também aguardam ansiosamente o desfecho da disputa entre a democrata Kamala Harris, atual vice-presidente dos EUA, e o republicano Donald Trump, que presidiu o de 2017 a 2021, para traçar, de forma mais precisa, seus planos estratégicos na relação com o próximo governante norte-americano.

O pesquisador do Instituto Nacional de Estudos sobre os EUA (Ineu) e professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Goulart Menezes, explica que,…

Read More
Política

Kamala e Trump disputam voto a voto até o fim, mostra pesquisa do New York Times

post-image

A democrata Kamala Harris parece ganhar força nos Estados decisivos da Georgia e Carolina do Norte enquanto o republicano Donald Trump mantém a liderança no Arizona, mostrou a última pesquisa The New York Times/Siena College, divulgada ontem.

Em todos os Estados-pêndulo, no entanto, a disputa permanece acirrada, como não se via há décadas nos Estados Unidos. Está tudo dentro da margem de erro, de 3,5 pontos percentuais. Isso significa que nem a democrata nem o republicano têm lideranças definitivas

Kamala aparece com ligeira vantagem em Nevada, Carolina do Norte e Wisconsin, e está um ponto à frente de Trump na Georgia. Ele, por sua vez, mantém a liderança no Arizona. Na Pensilvânia, Estado com maior número de delegados em disputa, e no Michigan, a democrata e o republicano estão empatados.

Kamala chegou a ter…

Read More