O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a superintendência da Polícia Federal de Curitiba após receber alvará de soltura na tarde de sexta-feira, 8. O pedido para soltura do ex-presidente foi expedido pela Justiça Federal após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em desfavor da prisão em segunda instância. Para entender os reflexos desta soltura no âmbito econômico, a reportagem conversou com a economista Greice Guerra, que é especialista em bolsa de valores.
Guerra destacou que houve grande oscilação na bolsa após a soltura do ex-presidente. “O pregão da última sexta-feira fechou com forte queda de 1,78% encerrando com pontuação de 107.628 pontos”. Segundo ela, a medida também fez o dólar disparar.
Questionada sobre os reflexos que isso pode trazer para o mercado, Guerra não hesitou em afirmar que a soltura de Lula representa uma insegurança muito grande para os investidores. “Principalmente para os estrangeiros”, completou. “Ela traz uma insegurança jurídica, pois o investidor lá fora, que já estava reticente com o Brasil devido a forte recessão econômica nos últimos anos, agora, com a soltura do Lula, fica mais cauteloso e com ainda mais medo de investir no país. Para o mercado, coisa pior não poderia ter acontecido”.
“País não serio”
Medidas como esta, segundo ela, são fundamentais para que o país caia no descrédito. “O Brasil começa a ser visto novamente como um país não sério”, diz. Além disso, a especialista destaca que os números passam por grandes oscilações: “Eles vieram mais positivos, principalmente no terceiro trimestre de 2019. Agora, com esta soltura, a tendência é que o investidor não venha para cá e que os que já estão fiquem mais receosos em expandir seus negócios”.
“Salvador da pátria”
Na visão da especialista, “o PT causou séria recessão no país”. “Deixou os Estados quebrados e sem condição de ajustar suas contas. Logo, a soltura o ex-presidente representa aquele medo de que essa situação volte a se instalar no Brasil”, analisou. Guerra também atentou para a possível formação de um novo líder político. Segundo ela, o fato do ex-presidente estar inelegível não o impede de apoiar um novo nome e de “voltar como um salvador da pátria”.
“Se observarmos o que ele fala logo que saiu da prisão, ele fala sobre números do IBGE, números do desemprego sem ter muito conhecimento. O que ele não fala ali é que toda essa situação de desemprego, de capital ocioso, de máquinas e equipamentos parados é justamente a consequência da recessão econômica que o PT acarretou ao país quando deixou o poder”, argumenta.
“Caminho possível”
Outro fator preocupante, na visão da especialista, é a polarização. “Começa aquele enfrentamento entre a esquerda e direita. Temos de ódio também impacta diretamente a economia. O atual governo está no caminho certo. Diria que no caminho do possível. Estão fazendo o que possuem condições de fazer. O ministro da economia está buscando investimentos estrangeiros, que é o que mais precisamos neste momento”.
Por fim, Guerra disse que os desdobramentos que surgirem de agora em diante também terão grande importância para o setor econômico. Ela arrisca que o Congresso deva reagir, no entanto, reforça que “o que aconteceu foi muito desagradável”. “Impactou negativamente a aceleração da recuperação da economia. Principalmente no momento em que tínhamos os primeiros sinais de uma recuperação mais consistente”.