
Uma pesquisa inédita mostra que os moradores de Paraisópolis, em São Paulo, justamente a comunidade que aparece na novela das sete, estão bastante endividados. E são os jovens e os pequenos empreendedores que mais perderam o controle dos gastos, mas eles não estão sozinhos. A Serasa diz que um em cada quatro brasileiros está com as contas no vermelho.
Tem muita gente endividada no Brasil, viu? Cerca de 55,5 milhões de brasileiros estão no vermelho, segundo a Serasa, empresa de serviços de crédito ao consumidor. E esse assunto preocupa o pessoal de Paraisópolis, a comunidade de 100 mil moradores de São Paulo que aparece na novela da Globo. O problema está na boca dos personagens de ‘I Love Paraisópolis’.
Uma pesquisa inédita feita pela Serasa na comunidade, mostra que ficção e vida real se parecem. A conta é a seguinte: de cada três moradores de Paraisópolis, um está com nome sujo.
“As regiões que têm renda mais baixa, as pessoas têm dificuldade de economizar. Então, qualquer gasto a mais, a pessoa já pode entrar na inadimplência”, explica o superintendente da Serasa Consumidor, Júlio Leandro.
E quem está mais enrolado em Paraisópolis? Donos de negócios, os pequenos empreendedores, os homens e também os jovens.
O Diego, que tem 22 anos e trabalha como repositor em um mercado em Paraisópolis, e a cabeleireira Alice são o retrato de quem tem dívida no bairro de São Paulo.
Ele é o jovem sem dó de gastar. “É mais impulsivo. Tem um desejo de compra muito grande e menos maturidade”, analisa Júlio Leandro.
A Alice faz parte do grupo de empreendedores que abriram um negócio sem muito preparo. “Não tem a qualificação necessária, toda formação que precisava para entender aquele negócio. Acaba se complicando, chega na inadimplência rapidamente”, aponta o superintendente Serasa Consumidor.
Antes de montar o salão, Alice fazia faxina. Foi guardando dinheiro e fez empréstimo para realizar o sonho de ser cabeleireira. “Fui pegando dinheiro emprestado e foi virando uma bola de neve”, lembra Maria Alice de Assis Oliveira.
Ela está com um monte de conta atrasada: água, luz… Os gastos do Diego são outros. “Ah, já gastei R$ 1,1 mil em um tênis”, revela Diego dos Santos Araújo. Ele deve uns R$ 7 mil para uma escola de inglês e no cartão de crédito, mas não pensa diferente de muitos jovens de Paraisópolis, não.
A cabeleireira Alice deve R$ 5,6 mil. A dívida podia ser menor se ela recebesse direitinho dos clientes. “Eles falam que vão voltar depois. Atenção, amigas, por favor, venham aqui, né? Tenho um monte de contas para pagar. Cadê vocês?”, indaga Alice ao conferir um caderninho com fiados. Dava para abater mais de R$ 2 mil da dívida que ela tem. “Se não melhorar, o negócio é voltar na faxina, né?”, diz Alice.
Essa é mesmo a melhor solução para Alice? E para o Diego? Eles tentam se ajudar. “Tem que parar de comprar, analisar suas dívidas e começar a pagar”, sugere Alice.
“Não confia tanto nas pessoas. Ter uma ficha do cliente”, aponta Diego. Alice confessa que não tem um cadastro de seus clientes. “Às vezes, eu pego o telefone e coloco o nome o valor só”, diz ela.
O consultor financeiro da Serasa acrescenta: o Diego tem que insistir em renegociar a dívida. “Vai com outras pessoas que ajudem ele a negociar de forma mais firme. A Alice, na verdade, ela precisa de ajuda profissional e novas fontes de renda, eu acho que é fundamental”, orienta Júlio Leandro.
“O importante é fazer dinheiro”, afirma Alice.
O pessoal de Paraisópolis parece que já sabe disso, mas, assim como muitos brasileiros, leva a situação na esportiva.
Fonte: Portal G1/Fantástico






