Uma pesquisa feita pelo Instituto de Biologia (Ibio) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) detectou a presença de óleo em 38 animais marinhos. Segundo o Instituto, foram encontrados resquícios do óleo que atinge o litoral nordestino nos sistemas digestivos e respiratórios de todos os peixes e mariscos coletados para análise na praia do Forte, no município de Mata de São João, na Bahia e nas praias de Itacimirim e Guarajuba, ambas localizadas na cidade de Camaçari, também na Bahia.
Os resultados das pesquisas são preliminares. De acordo com o professor e diretor do Ibio, Francisco Kelmo, devem ser analisados um total 50 organismos. A pesquisa, conduzida pelo professor e por estudantes de pós-graduação, deve ser concluída até a próxima segunda-feira (28). De acordo com o pesquisador, os animais foram recolhidos em praias que estavam em “fase de estresse agudo”, que apresentaram índices de mortalidade dos animais logo após o aparecimento do óleo.
“Recomendo que as pessoas evitem o consumo de mariscos e pescados vindos dessas três localidades [praia do Forte, Itacimirim e Guarajuba]. Mesmo que o animal não esteja morto, é possível que ele tenha ingerido algum resíduo que pode ser prejudicial à saúde”, afirma Kelmo. Segundo o professor, a UFBA realizará novos testes que poderão detectar a presença de substâncias tóxicas nas partes dos animais que são utilizadas como alimento.
Kelmo afirma, ainda, que não é possível medir os impactos da ingestão do material por parte de humanos. De acordo com o pesquisador, os impactos poderão ser avaliados quando os resultados das análises químicas da substância, também realizada em laboratórios da UFBA, forem concluídas. “Estamos falando de um óleo cru, o consumo pode trazer consequências a curto e longo prazo, porque esse material vai ficar dentro do corpo da pessoa que ingerir”, completa o professor.
Em Pernambuco, as análises das águas e organismos contaminados estão sendo conduzidas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na última quinta-feira (24), a Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH) coletou amostras de água de todas as praias pernambucanas atingidas pelo óleo. O material será encaminhado para análise no laboratório de Oceanografia da UFPE. Segundo o professor Gilvan Yogui, a análise pode durar até duas semanas.