Novas denúncias contra o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, acirraram a queda de braço entre governo e oposição no Congresso.
Em dois anos de consultoria, o ministro do Desenvolvimento faturou R$ 2 milhões. Mais do que o patrimônio de R$ 1,6 milhão, que ele acumulou ao longo da vida e declarou à Justiça Eleitoral no ano passado. Fernando Pimentel dividia a consultoria, feita entre 2009 e 2010, com o sócio Otílio Prado, que trabalha na prefeitura de Belo Horizonte.
Segundo o jornal O Globo, Pimentel assinou a exoneração de Otílio no fim de 2008 no último dia de mandato. Mas dois dias depois, Otílio foi recontratado pelo novo prefeito Márcio Lacerda e continuou na empresa com Pimentel. Segundo a reportagem, fontes da prefeitura dizem que a volta de Otílio foi um pedido de Pimentel.
Fernando Pimentel e Otílio Prado eram sócios na P-21. Otílio é pai de Gustavo Prado, um dos donos da QA Consulting. A empresa de informática pagou R$ 400 mil pelos serviços de consultoria de Pimentel.
Logo depois, a QA Consulting recebeu R$ 230 mil da construtora Hap Engenharia. Serviços que não foram registrados no Conselho Regional de Engenharia, de Minas Gerais. O dono da Hap, Roberto Senna e Fernando Pimentel são réus num processo em que a Hap é acusada de superfaturar obra da prefeitura em mais de R$ 9 milhões. A Hap doou recursos para a campanha de Pimentel.
No Congresso, os governistas rejeitaram o convite para o ministro dar explicações públicas. A oposição pediu que o Ministério Público e a Comissão de Ética Pública da Presidência apurem o caso.
“Não pode pairar a menor suspensão num ministro de estado de que ele possa ter tido benefícios materiais se utilizando do cargo ou de relacionamento com suspeita de tráfico de influência”, diz o líder do partido, deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP).
“Não vejo necessidade do ministro Fernando Pimentel ir ao Senado, ele já esclareceu esses pontos, já prestou informações, mostrou o que aconteceu no período em que não exercia cargo público”, afirma o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR).
No Palácio do Planalto, o caso já preocupa. Nesta quinta-feira (8) o ministro vai se explicar à presidente Dilma Rousseff. Nesta quarta-feira (7), ele não gravou entrevista e, em nota, negou as suspeitas de irregularidades.
Fonte: Jornal da Globo.com