Delegada afirma que há roupas de “mulher, homem e criança”.
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O pintor de parede Jorge Luiz Morais de Oliveira, 41 anos, preso na sexta-feira (25), acusado de matar um jovem homossexual e suspeito de esconder corpos em sua casa na Favela Alba, no Jabaquara, Zona Sul de São Paulo, depôs na manhã desta terça-feira (29) no 16º Distrito Policial, que investiga o caso. Ele estava detido na carceragem do 77º delegacia.
Jorge confessou o assassinato do jovem homossexual, seu vizinho, e já cumpriu 17 anos de prisão por dois homicídios, segundo a polícia. Ele será indiciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáveres.
A Polícia Civil já retirou sete corpos da casa do pintor. Foram familiares de uma mulher desaparecida que encontraram, por conta própria, nesta segunda-feira (28), novos restos mortais na casa do pintor.
Segundo a delegada Nilze Scapulatiello, do 35º Distrito Policial, roupas, calçados e ossos foram recolhidos da casa e levam à polícia a acreditar que pessoas tenham sido mortas e enterradas na casa do pintor.
“Tem homem, tem mulher, tem roupa de criança. Eu peguei todas as pessoas desaparecidas que eu tenho registro na área, pra informar, chamar parentes, reconhecer roupa, algum detalhes que não é pra nós, tem vários sapatos, sandálias, mas a família pode reconhecer”, disse.
Uma equipe do Corpo de Bombeiros foi à casa do pintor na manhã desta terça-feira (29) para avaliar se novas escavações para buscas de outros restos mortais serão feitas. A polícia também encontrou fotos de seis pessoas na casa do pintor e vai investigar se elas estão desparecidas. Até agora, só o corpo do vizinho foi identificado.
Um morador da favela, que pediu para não ser identificado, afirmou que o suspeito costumava beber em um bar da região e que ele não fazia questão de esconder o desprezo que tinha por homossexuais e usuários de droga. “Ele ficava direto no bar com a gente. Ele sempre falava que tinha raiva de gay e de nóia, mas nunca imaginei que seria capaz de uma coisa dessas”.
O assassinato que levou à prisão do pintor ocorreu na noite da última quarta-feira (23), na residência dele, localizada na Rua Professor Francisco Emydio da Fonseca. Ele confessou que matou Carlos Neto Alves Júnior, de 21 anos, e decidiu se entregar após pedido da própria mãe. Depois da detenção, a polícia ainda encontrou ossos e restos mortais de outras possíveis vítimas na casa.
O local do crime já estava liberado pela polícia nesta segunda após a conclusão do trabalho da perícia. Os peritos, no entanto, não haviam recolhido os vestígios encontrados pela mãe e pela companheira da desaparecida.
A estudante Renata Christiana Pedrosa, de 33 anos, desapareceu em janeiro deste ano. Ela, que é homossexual, morava com uma companheira em um apartamento também na região do Jabaquara. Usuária de drogas, costumava comprar maconha para consumo próprio na favela onde o pintor vivia. Os dois, no entanto, não se conheciam, garante a família.
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Desde o sumiço da filha, Maria de Fátima Pedrosa começou o que classificou como “trabalho de detetive” ao lado da nora. Juntas, elas deram início a uma busca em paralelo às ações da polícia. Como o último registro do GPS do celular de Renata apontava para a região da favela, elas decidiram concentrar os esforços na área.
A mãe conta que chegou até a encontrar com Jorge Luiz em um dos muitos dias de busca. Na oportunidade, perguntou pela filha e mostrou até uma foto ao pintor, que negou já tê-la visto por ali.
Moradora do Rio de Janeiro, Maria de Fátima diz que está “fazendo plantão” em São Paulo desde o começo do ano. Quando ficou sabendo do caso pela TV, não teve dúvidas: foi novamente ao local.
Cansada de esperar pelo trabalho da polícia que, segundo ela, afirmava que Renata estava viciada em crack e morando na rua, na manhã de segunda-feira (28), ela e a nora compraram uma pá e decidiram entrar na casa do pintor para ver se encontravam alguma pista ou pertence da estudante.
Utilizando a ferramenta e também as próprias mãos, elas cavaram e vasculharam a residência até encontrar objetos, como calcinha e meias, e também restos mortais. Nenhum dos itens, no entanto, foi reconhecido pelos familiares como de Renata.
“Só vou acreditar [que a filha está entre as vítimas] se eu vir alguma coisa dela, ou o DNA, que ainda vai ser feito. Se eu vir o celular ou alguma joia que ela estava… Qualquer coisa assim. Até que me provem o contrário. O que escavamos foi pele, ossos de algum tempo. Nada que provasse que minha filha estava ali”, afirmou Maria de Fátima.
Delegada isenta peritosA delegada Nilze Scapulatiello fez questão de isentar de culpa os peritos – a quem classificou como “eficientíssimos” – por não terem encontrado ou recolhido os vestígios desenterrados pelos familiares de Renata.
“Não é que a perícia não tenha encontrado. No momento, não foi detectado. Você olha lá, pode ser um pedacinho de algodão e que não tem identificação, não tem ninguém na hora dizendo ‘isso aqui é da minha filha’. Agora, não. Agora as pessoas estão nos procurando”, explicou ela.
Ainda segundo Scapulatiello, as equipes responsáveis “fizeram todo o trabalho de investigação, perícia para o local, tudo que foi possível fazer num fim de semana chuvoso e sem nenhuma informação”. Um novo trabalho de perícia foi solicitado nesta segunda-feira. O local, agora, está sendo preservado pela Polícia Militar.
Perguntada se houve falha da perícia, Scapulatiello foi direta: “Não falhou. Ninguém falha. As coisas tem que ser complementadas com as notícias que você vai recebendo”, completou, segundo matéria do G1.
Fonte: MSN Notícias