Aprimorar o conhecimento sobre espécies ameaçadas de extinção e mitigar atividades de impacto para promover a conservação e a recuperação da fauna aquática da bacia do rio São Francisco. Esses são os principais objetivos do PAN São Francisco – Plano de Ação Nacional para Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna Aquática da Bacia do São Francisco –, que é coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e conta com apoio de diversos parceiros, entre eles a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
As ações estão programadas para um prazo de cinco anos a partir da publicação da Portaria nº 34, datada de 27 de maio de 2015, que aprovou o plano. O PAN São Francisco abrange oito espécies de peixes ameaçados de extinção, entre elas o pirá, peixe-símbolo do São Francisco, e estabelece estratégias para proteção de outras seis espécies em risco e/ou quase ameaçadas.
De acordo com Cláudio Fabi, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (CEPTA), do ICMBio, entre as atividades já realizadas estão a ampliação do conhecimento do estado de conservação dessas espécies e da localização dos estoques, bem como o mapeamento das principais ações para recuperação do rio. Segundo ele, o trabalho envolve toda a bacia hidrográfica, mas, sobretudo, as regiões do Alto e Médio São Francisco.
A Codevasf obteve, no ano passado, autorização do ICMBio para realizar atividades com finalidade científica, como captura, reprodução, larvicultura, alevinagem, peixamento e monitoramento ictiológico de espécies nativas da bacia. “A portaria publicada pelo ICMBio passou a impedir o trabalho com espécies nativas de peixes do São Francisco que estão em processo de extinção. Então, a Codevasf buscou a direção do órgão para que sua equipe técnica pudesse ser habilitada a trabalhar com essas espécies. Assim, surgiu uma nova parceria: além de nos credenciarem, houve um interesse do próprio ICMBio, por meio do CEPTA, de nos convidar a participar do PAN São Francisco”, explica o diretor da Área de Revitalização de Bacias Hidrográficas da Codevasf, Eduardo Motta.
Ele destaca a importância desse trabalho para a conservação das espécies: “Isso é muito importante para a Codevasf porque trabalhamos com esse enfoque ambiental e também comercial desde 1979. Diante da nossa experiência, conhecimento e expertise, não poderíamos deixar de trabalhar com essas espécies estratégicas para recuperação dos recursos pesqueiros e da ictiofauna nativa, principalmente, porque estamos levantando a bandeira internacional da preservação do pirá, peixe-símbolo do São Francisco”.
Monitoria – Na última semana, foi realizada, no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Codevasf, em Três Marias, Minas Gerais, a primeira oficina de monitoria para verificar o andamento das ações do PAN São Francisco. Participaram da reunião os analistas indicados pela Codevasf para compor a equipe técnica do PAN São Francisco: o biólogo Yoshimi Sato, do próprio Centro de Três Marias, como titular, e o analista da Unidade de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Codevasf Sede, Hermano Luiz, como suplente.
Segundo Cláudio Fabi, do CEPTA-ICMBio, além de fazer uma avaliação das atividades realizadas, o evento também foi uma oportunidade de apresentar o Plano à sociedade civil. “Os pescadores ficaram um pouco receosos em relação ao PAN São Francisco, pois, quando sai uma portaria contendo espécies ameaçadas de extinção, automaticamente fica proibida a coleta, e isso interfere diretamente na vida deles. Na apresentação, pudemos esclarecer que os fatos que culminaram no processo de extinção estão relacionados à contenção de barragens, poluição dos rios, supressão de vegetação; a pesca não é a causa principal. O nosso intuito foi buscar uma parceria para que eles nos ajudem, afinal, o nosso interesse, e o deles também, é que o rio tenha peixe”, esclareceu.
Ascom Codevasf