A Polícia Militar informou por volta das 10h deste domingo (19) que um homem foi baleado na cabeça por um atirador não identificado na Avenida Rio Branco, no Centro de São Paulo, na manhã deste domingo durante a Virada Cultural. O corpo de Elias Martins Moraes Neto, de 19 anos, foi encontrado por volta das 5h, na Avenida Rio Branco. O caso será registrado pelo 3º Distrito Policial, em Santa Ifigênia, como latrocínio – roubo seguido de morte. Um primo da vítima informou à polícia que dois celulares foram roubados de Elias.
Esta é a segunda morte registrada durante a Virada Cultural. Mais cedo, a PM havia confirmado a morte de um jovem de 21 anos por suspeita de overdose de cocaína. Jonatan Santos Nascimento foi encontrado caído na região de Santa Ifigência, no Centro, e socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) à Santa Casa.
Até as 10h, a PM confirmava seis baleados – um deles morto -, um morto por suspeita de overdose e um esfaqueado desde o início da Virada, às 18h de sábado. Todas as vítimas foram levadas para a Santa Casa e não havia informações sobre o estado de saúde delas.
O esfaqueamento ocorreu na Avenida Ipiranga, por volta da 1h30 desta madrugada. A PM não soube informar as circunstâncias do crime.
Ainda segundo a PM, até as 6h deste domingo, 941 pessoas foram abordadas e foram registrados um acidente de transito sem vítimas, cinco roubos, um furto, 12 tumultos e um adolescente apreendido.
Segundo a Polícia Civil, cinco distritos policiais estão registrando as ocorrências da Virada Cultural na região central de São Paulo: 1º DP, na Sé; 2º DP, no Bom Retiro; 3º DP, em Santa Ifigência; 4º DP, na Consolação; e 8º DP, no Brás.
Após a divulgação da foto do 2º DP lotado, outras três delegacias passaram a registrar ocorrências da Virada – 5º DP, Aclimação; 77º DP, Santa Cecília; e 78º DP, nos Jardins- , segundo policiais civis.
No 3º DP, em Santa Cecília, um adolescente e três homens foram detidos. O menor portava uma arma.
Baleados
Os casos de pessoas baleadas ocorreram nas avenidas Ipiranga e do Estado, Praça da República, Viaduto do Chá, Rua Dom José Gaspar e na Rua 24 de Maio. A PM não soube informar as circunstâncias dos crimes nem em que delegacias eles foram registrados. A corporação recuperou alguns celulares e carteiras roubados.
No caso da Avenida Ipiranga, um homem foi vítima de tentativa de homicídio, por volta das 23h deste sábado. O criminoso atingiu o ombro esquerdo da vítima que foi levado para a Santa Casa. O criminoso fugiu.
Na Avenida do Estado, por volta da 1h15, a vítima foi atingida após uma discussão. Um rapaz tentou agredir a vítima, que levou um tiro na perna. O suspeito fugiu. A PM também não soube informar o estado de saúde da vítima.
Arrastões
Ainda no 2º DP, o estudante Leandro da Silva Paixão, de 17 anos, acompanhado pela mãe, a babá Rosângela da Silva, contou que um grupo de 60 criminosos realizaram um arrastão no Centro. O garoto conseguiu, entretanto, recuperar o boné e o celular que haviam sido levados.
O casal Paulo Henrique Maciel Mariano, 21 anos, e a namorada Gabriela Magalhães de Jesus, 21 anos, presenciaram um arrastão na região da Galeria do Rock. Eles e amigos foram vítimas do grupo de cerca de 40 criminosos, às 3h40.“Era muita gente drogada e violenta. Vinham roubando e agredindo quem viam pela frente”, contou Gabriela. “A Virada Cultural se tornou uma virada criminal. Não quero nunca mais participar dela. Falta segurança”, reclamou Mariano.
No pronto-socorro da Santa Casa, em Santa Cecília, guardas civis metropolitanos informaram que várias vítimas de agressão durante arrastões foram levadas para atendimento.
No sábado, o senador Eduardo Suplicy (PT) teve carteira, celular e documentos furtados durante o show de Daniela Mercury e Zimbo Trio. O senador foi vítima do furto enquanto cumprimentava o público na Praça da Estação Júlio Prestes.
Após o show terminar, Daniela voltou ao palco e fez um apelo para que devolvessem os pertences de Suplicy. Quinze minutos após o apelo, ela voltou ao palco informando que os documentos foram entregues. Os criminosos ficaram com R$ 400 e um smartphone.
Neste domingo, o analista de sistemas Ricardo Buchaim acompanhava um amigo que se envolveu numa briga, na região do Palco Júlio Prestes. O amigo estavae sendo atendido na Santa Casa, por volta das 10h. Buchaim afirma que no cruzamento das avenidas Duque de Caxias e Rio Branco, na região da Cracolândia, presenciou uma feira de drogas que funcionava normalmente, mesmo com o policiamento reforçado para a Virada Cultural em todo o centro de São Paulo. Ele afirma que os traficantes anunciavam a venda de entorpecentes. “Eles gritavam: ‘olha o pó, olha o lança, olha o verde'”.
Nesta semana, reportagem do Bom Dia São Paulo mostrou o funcionamento de uma feira livre de drogas na Rua dos Gusmões, na Cracolândia.