Um vídeo feito pela Corregedoria da PM e divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro nesta terça-feira (30) mostra ambulantes e mototaxistas irregulares de Bangu e de bairros vizinhos, na Zona Oeste, pagando propina para poderem trabalhar. Nesta manhã, Corregedoria, Ministério Público e Secretaria de Segurança realizaram a operação “Compadres”, com buscas contra 78 suspeitos de receberem propina, sendo 60 policiais, entre militares e civis. Até as 16h30, 66 pessoas mandados de prisão haviam sido cumpridos, com 45 PMs, 7 policiais civis e outros 14 homens presos.
As imagens mostram a ação de oito homens — todos com identificação no vídeo feita pela Polícia Militar, sendo cinco deles policiais — nas ruas da Zona Oeste. Os oito foram detidos.
Em coletiva por volta das 16h desta terça, o Secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame disse que a operação começou a ser desenvolvida no início de 2012 e o trabalho de inestigação durou mais de um ano. “A investigação ainda não terminou. Ainda teremos desdobramentos desse trabalho que podem ter consequencias ainda maiores.”
Denunciados
Dos denunciados pelo Ministério Público, 60 são policiais: 53 militares e sete civis. Os agentes públicos são de diferentes unidades. Os policiais militares pertencem aos seguintes batalhões: 14º (Bangu), 9º BPM (Rocha Miranda), 20º BPM, 6º BPM (Tijuca), 4º BPM (São Cristóvão), 41º BPM (Irajá), 15º BPM (Caxias) e do Centro de Formação de Praças (Cefap). Os policiais civis trabalhavam na 34ª DP (Bangu) e na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM). Entre os não policiais, 18 procurados eram procurados, dos quais 14 já foram presos.
Todos tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça, que expediu ainda mandados de busca e apreensão nas residências dos policiais e nas unidades onde eles trabalham. Eles são acusados de formação de quadrilha, concussão e roubo.
O que diz a Secretaria de Segurança
Após as prisões, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse não se surpreender com o grande número de policiais envolvidos na operação. “Quando se decide combater a criminalidade, a gente não pode se surpreender com nada”, afirmou. “Não há pacto da polícia com esse tipo de prática. É absolutamente necessário cortar na própria carne.”
O secretário disse ainda que as acusações contra os policiais são muito graves e estão muito bem documentadas. Beltrame garantiu que os policiais não serão mantidos nos seus cargos.
Já o comandante geral da PM, coronel Erir Costa Filho, disse que está cumprindo a promessa que fez ao assumir o cargo, em setembro de 2011, de cortar da corporação os maus policiais.
“Desde que assumi, já foram expulsos 317 policiais. E outros mais vão sair. A sociedade acredita na PM e denuncia os desvios e nós apuramos e buscamos moralizar a PM.” disse. Costa Filho afirmou ainda que visita constantemente os batalhões e procura orientar os policiais sobre as condutas a serem adotadas.