Os três policiais militares do Batalhão de Choque suspeitos de tortura e agressão sexual a uma moradora da Rocinha, autora de um furto, se apresentaram na madrugada deste sábado (21) à 14ª DP (Leblon) e foram encaminhados à Unidade Especial Prisional da PM (antigo BEP), onde estão presos. A informação foi confirmada nesta manhã pela assessoria da Polícia Civil.
A Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão temporária (30 dias) dos PMs.
Na noite de sexta-feira (20), o Comando da Polícia Militar havia determinado à Corregedoria o afastamento dos policiais suspeitos.
O suposto ataque teria acontecido na noite de quarta-feira (18). A mulher de 36 anos que denuncia os policiais tinha furtado a bolsa de uma outra moradora da Rocinha, e foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML).
Em nota, o comando da PM informou que “determinou à Corregedoria da corporação a abertura de Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar as acusações imputadas a policias militares do Batalhão de Choque bem como o afastamento dos mesmos, das atividades operacionais até o fim da apuração”.
Os policiais Renan Ribeiro de Souza, Cid Lima dos Santos e Rodrigo Bernardo Gama de Almeida foram indiciados na 14ª DP (Leblon) por estupro e tortura.
Um laudo preliminar confirmou as lesões. O documento, obtido com exclusividade pelo RJTV, traz as anotações do perito que fez o exame de corpo de delito: positivo para lesão corporal e positivo para ato libidinoso diverso de conjunção carnal.
Ela diz que foi amarrada dentro de casa, pelo PM Cid Lima dos Santos. Em seguida, o PM Renan Ribeiro de Souza a teria atingido com socos, chutes e golpes com toalha molhada. O mesmo policial, ainda de acordo com o depoimento, teria cometido uma agressão sexual contra a mulher. O terceiro PM indiciado, Rodrigo Bernardo Gama de Almeida, também estava na casa quando aconteceram as agressões.
A vítima das supostas agressões, que confessou ter furtado uma bolsa, está presa na carceragem da 14ª DP (Leblon). Ela contou ainda que os policiais fizeram várias ameaças, inclusive dizendo que iriam matar seus parentes, caso revelasse na delegacia as agressões que sofreu.
Além da Polícia Civil, a Corregedoria Geral Unificada (CGU) da Secretaria de Segurança Pública também investiga o caso. Em nota, a Secretaria de Segurança afirma que o secretário José Mariano Beltrame “determinou à CGU o máximo de rigor nas investigações relacionadas a esse caso”.
Denúncias contra PMs de UPP
Na quarta-feira (18), o G1 publicou reportagem sobre denúncias de desvio de conduta de PMs em comunidades pacificadas do Rio. Um levantamento feito pelo Disque-Denúncia a pedido do G1 mostrou que nos primeiros três meses deste ano foram 111 ligações relatando desvios diversos e corrupção. No ano passado, foram 378 denúncias sobre o problema nas áreas pacificadas.
A Rocinha encabeça o ranking das ligações para o Disque-Denúncia sobre corrupção e outros desvios de conduta de policiais em áreas ocupadas pelas forças de pacificação no Rio, no primeiro trimestre deste ano. Segundo o documento, das 111 queixas recebidas nesse período, 13 são referentes à comunidade de São Conrado, na Zona Sul, onde atualmente atuam 700 policiais.