A Polícia Federal já prendeu 26 pessoas em ação contra roubo de cargas, deflagrada nesta quinta-feira (6). Entre os presos, estão dois policiais civis do Pará e de Minas Gerais. A maior parte dos 35 mandados de prisão está sendo cumprida em Goiás, onde 13 suspeitos foram detidos na Operação Piratas do Asfalto até 12h30.
Em entrevista coletiva nesta manhã, em Goiânia, o delegado da PF do Tocantins, André Costa, responsável pela operação, informou que Goiás era a base do grupo. Ele revelou que caminhoneiros e funcionários de uma empresa de monitoramento e segurança eletrônica faziam parte do esquema. Segundo o delegado, os integrantes da quadrilha agiam com violência e roubavam cargas de todos os tipos. Porém, a preferência era os carregamentos de produtos eletrônicos, como televisores e aparelhos de som.
Cerca de 200 policiais participam da operação para cumprir os 35 mandados de prisão e 38 de busca e apreensão. As investigações começaram em fevereiro do ano passado, no Tocantins, e identificaram que o grupo criminoso tinha membros ainda em Goiás, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pará e São Paulo.
A PF estima que a quadrilha tenha causado um prejuízo de R$ 50 milhões, desde o início da investigação. Mas esse valor pode ser bem maior. “Identificamos algumas cargas, geralmente de eletrônicos, que passavam de R$ 1 milhão. Tivemos também o caso de um carregamento agrícola que conseguimos recuperar. No total, eram nove máquinas que custavam R$ 3,6 milhões”, diz o delegado André Costa.
Zona de Sombra
A maior parte dos roubos acontecia em um trecho do Tocantins conhecido como Zona de Sombra, na BR-153, também chamada de Belém-Brasília. Essa rodovia, segundo o delegado, é uma das principais rotas de distribuição de cargas que saem da Zona Franca de Manaus para as regiões Centro-Oeste e Sudeste. Os criminosos também costumavam agir na região pelo fato dos rastreadores dos veículos de cargas não funcionarem em alguns trechos, o que facilitava os assaltos.
De acordo com os investigadores, os criminosos – especializados em roubos de cargas – abordavam os caminhões ainda em movimento, realizando emboscadas violentas e sequestrando os motoristas. Para a polícia, eles tinham alguns caminhoneiros como cúmplices. Os policiais federais flagraram situações em que os próprios motoristas responsáveis pelas cargas desviavam os produtos e, posteriormente, registravam ocorrências policiais.
Na ação, o grupo usava bloqueadores potentes de celulares, conhecidos por jammers, para evitar que os veículos fossem rastreados.
Desde o início das investigações, a Polícia Federal monitorou 17 casos de roubo e frutos de cargas, algumas delas avaliadas em mais de R$ 1 milhão. A quadrilha não tinha um alvo específico e roubava vários tipos de produtos, entre eles, alimentos, eletrônicos e materiais de construção.
Os envolvidos estão sendo investigados por crimes como formação de quadrilha, furto qualificado, roubo, receptação qualificada e falsa comunicação de crime.