A polícia turca deteve ontem (3) quatro suspeitos de tráfico de imigrantes após o naufrágio que provocou a morte de 12 pessoas que se dirigiam à Grécia, incluindo uma criança de 3 anos, informaram jornais locais. Os quatro suspeitos, com nacionalidade síria e idades entre 30 e 41 anos, foram presos na estação turca de Bodrum (no Sudoeste do país), de onde partiram as duas embarcações que naufragaram quando se dirigiam para a ilha grega de Kos, segundo a agência noticiosa Dogan.
De acordo com a agência Dogan, os suspeitos deverão se apresentar ao tribunal ainda nesta tarde.
Na madrugada de hoje, 12 refugiados sírios morreram afogados quando tentavam entrar na Grécia, segundo a guarda-costeira turca.
Entre as vítimas, estava uma criança síria, de 3 anos. A foto do corpo do garoto em uma praia espalhou-se pelas redes sociais e jornais de vários países, provocando emoção e indignação sobre o destino dos migrantes e refugiados que tentam alcançar a Europa.
Há vários meses, milhares de migrantes e refugiados, sobretudo sírios, afegãos ou africanos, tentam atravessar em condições muito precárias o mar Egeu para alcançar as ilhas gregas, porta de entrada para a União Europeia (UE).
Canadá
A família da criança síria, cujo corpo foi encontrado em uma praia turca, pretendia ir para o Canadá, afirmou a tia do garoto, citada hoje pelo diário Ottawa Citizen.
Teema Kurdi vive em Vancouver (oeste do Canadá) há cerca de 20 anos. Ela disse que tinha reunido, em janeiro, os documentos necessários para solicitar abrigo para o irmão e a família dele (esposa e dois filhos) ao programa de refugiados. Em declarações ao jornal canadense, Teema Kurdi relatou que tentou, com a ajuda de amigos e vizinhos, coletar dinheiro necessário para trazer a família para o Canadá, mas não conseguiu.
Em junho passado, o pedido foi recusado pelos serviços de imigração canadenses devido, segundo Teema Kurdi, à complexidade dos pedidos de asilo provenientes da Turquia. Com a rejeição da candidatura, a família decidiu embarcar e tentar a sorte no Mediterrâneo.
Oriundo da cidade curda de Kobane (norte da Síria), o pai da criança síria relatou hoje, pela primeira vez, os momentos que antecederam a morte de sua família.
“Tínhamos coletes salva-vidas, mas o barco virou de repente, porque as pessoas se levantaram. Segurei a mão da minha mulher. Mas os meus filhos escorregaram das minhas mãos”, afirmou Abdallah Ebdi, em declarações à agência de notícias turca Dogan. “Estava escuro e todas as pessoas gritavam. Foi por isso que a minha mulher e os meus filhos não podiam ouvir a minha voz. Consegui nadar até a costa graças às luzes, mas, uma vez em terra, não consegui encontrar a minha mulher e os meus filhos”, disse Abdallah Ebdi, pai de Aylan Kurdi (3 anos) e Galip (5 anos), que morreram no naufrágio.
Fonte: Agência Brasil