Sindicalistas filiados à Associação de Policiais e Bombeiros do Estado da Bahia (Aspra) passaram a madrugada desta quarta-feira (1°) na sede da Assembleia Legislativa, situada no Centro Administrativo, no bairro de Sussuarana, em Salvador.
Segundo Marco Prisco, presidente da associação, os manifestantes só sairão do local após serem atendidos por algum representante do governo do estado.
Eles ocupam o saguão da Assembleia desde as 19h de terça-feira (31). Por volta das 21h, uma comissão do grupo se reuniu com o presidente da Casa, Marcelo Nilo, mas não conseguiu apoio legislativo para intervenção na negociação com o governo. Marcelo Nilo classificou a mobilização como “perigosa”.
“A greve é um direito adquirido do trabalhador, agora é perigosa. Os militares não podem fazer greve. Militares são os que dão segurança pública à sociedade. É precipitada, com minoria absoluta, apenas um grupo de várias associações. A informação que eu tenho é que é menos de 2% dos militares”, diz.
Adesão
O G1 entrou em contato com Companhias Independentes de Polícia Militar (CIPM) da capital e do interior no início da manhã desta quarta-feira e, em algumas unidades, majores informaram que os serviços de policiamento na capital estão normalizados. Essas unidades são a 12ª, em Ondina, a 13ª, na Pituba, a 15ª, em Itapuã, a 16ª, no Comércio, a 17ª, no Uruguai, a 19ª, em Paripe, a 39ª, no Imbuí e a 47ª, em Pau da Lima. A exceção acontece na 82ª CIPM, situada no Centro Administrativo, onde os policiais relataram que estão aquartelados e não chegaram a trabalhar durante a madrugada, situação que permanece no início do dia.
Comando nega greve
O comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro, diz que a corporação não reconhece a Aspra como entidade de classe e que há a rotina de reuniões semanais para tratar exclusivamente da inserção dos benefícios garantidos pendentes na remuneração dos servidores. (Veja íntegra da entrevista no vídeo ao lado).
“Estamos desde novembro [de 2011] fazendo um canal entre as associações que representam legitimamente os nossos integrantes com discussões que nos levam a um diálogo com o governo. Estamos bem avançados. Não reconhecemos a Aspra como representante legal da classe e, por terror, ele promove esse momento na comunidade baiana”, avalia.
Ainda segundo o comandante, o processo de regularização da GAP [Gratificação por Atividade de Polícia] está sendo encaminhado através de reuniões semanais. “Estamos trabalhando nesse sentido. O governo sempre esteve receptivo aos anseios da classe, direcionadas pelo comando da instituição. Temos certeza da sensibilidade do governador de trazer benefícios através do diálogo, não pela pressão e pelo terror. Estamos em um estado democrático de direito, mas não de anarquia. A instituição é forte e não deve ser fragmentada por ações isoladas”, acrescenta.
A Aspra foi criada há três anos, tem 1.280 policiais filiados e é uma das nove entidades que representam a categoria em todo o estado. De acordo com o comandante da PM, o presidente da associação, Marcos Prisco, não é filiado à corporação e, por isso, não poderia estar à frente do movimento. “Só quem vive os anseios pode saber o que acontece. Não podemos perder a responsabilidade jamais, a sociedade baiana não merece esse terror. O diálogo está sempre aberto visando o atendimento de melhorias. Mas temos isso como forma de pressão”, diz.
Grupo contrário
A Associação dos Oficiais da Polícia Militar da Bahia (AOPMBA) informou através de nota na manhã desta quarta-feira que “não é favorável à paralisação das atividades, sem que antes
O grupo diz ainda que já estava em negociação com o comando da corporação sobre as principais reivindicações, como a criação de uma mesa permanente de negociação, envolvendo os representantes das Associações de Oficiais e Praças, reajuste linear de 17,28% retroativo a abril de 2007 e revisão no valor do auxílio alimentação.
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A greve foi manifestada pela Aspra, que realizou assembleia na tarde de terça-feira (31) no Ginásio dos Bancários, localizado nos Aflitos, em Salvador. De acordo com o sargento Fabio Britto, diretor jurídico da Aspra, a reivindicação exige o cumprimento do pagamento da Gratificação por Atividade de Polícia (GAP) IV e V, que iriam compor a remuneração dos policiais, chamada de soldo, além de regulamentação do pagamento de auxílio acidente, periculosidade e insalubridade.
O sargento Fabio Britto explica que atualmente os policiais militares recebem mensalmente a soma do valor do salário mínimo com a GAP III. A remuneração fica em torno R$ 2.300, diz. “Também pedimos o cumprimento das leis 12.505 e da 12.191, sancionadas por Dilma e Lula, respectivamente, que falam sobre a anistia aos policiais punidos que lutaram por melhorias salariais entre 1997 e 2001 e que não estão sendo cumpridas pelo governo do estado”, acrescenta.