Uma novela arrebatadora. “Avenida Brasil” consumiu meses da vida de João Emanuel Carneiro, que termina a trama com a alma lavada. Sua história, que já é um dos marcos da teledramaturgia, só confirmou o porquê de ele estar na seleta lista de autores do horário nobre. Nesta entrevista, João faz um balanço do folhetim que parou o país.
Como você avalia “Avenida Brasil”?
“Avenida Brasil” foi um grande trabalho. Cansativo, mas muito gratificante. Foi uma novela homogênea em todos os sentidos. A história ganhou vida e força graças ao trabalho integrado — e de primeira — do elenco, produção e direção.
“A favorita” foi sua primeira novela no horário nobre e foi um estouro. Imaginava que “Avenida Brasil” pudesse arrebatar o público ainda mais?
Prefiro não criar expectativa em relação a nada, mas é claro que todo autor quer sempre mais, né (risos)?! Mas não há como prever a reação do público. Se fosse possível, perderia a graça.
Conseguiu ter vida durante esse período?
Vivi para a novela, mas acho que esse é o processo mesmo. Agora, com o fim, vou conseguir parar e pensar no que vou fazer. Mas descansar é a prioridade.
Adriana Esteves não era sua primeira opção para Carminha. Quando viu que tinha acertado na escalação dela?
Sempre percebi que Adriana era uma grande atriz. E precisava de alguém que suportasse o papel e se entregasse inteiramente. Quando a vi interpretando, pensei: ela é a Carminha!
Como avalia a trajetória de Débora Falabella?
Não vejo outra atriz fazendo esse papel. Débora soube, brilhantemente, dosar os sentimentos e fazer com que a dualidade de outros personagens também estivesse presente em Nina.
Quais cenas foram as suas favoritas?
Gosto muito dos embates entre Carminha e Nina, mas me diverti muito escrevendo outras, como as do núcleo do Divino e a trama do Cadinho (Alexandre Borges).
Que atores o surpreenderam no decorrer deste projeto?
Muitos atores se destacaram. Fiquei muito feliz com as possibilidades de criação que vários deles me deram.
Já que Ipanema foi retratada literalmente, por que escrever um subúrbio ficticio e não apostar em Madureira?
Achei melhor ter um subúrbio fictício a um que todo mundo já conhece.
A história das fotos da traição de Carminha e Max , de Nina não ter um pen drive, deu muito burburinho na internet. Sem contar que a novela era falada em tempo real pelo Twitter, Facebook… Você vai estar mais ligado ao mundo virtual agora?
Bem, se você está me dizendo que a história das fotos criou mais burburinho para a novela, será que vale mesmo deixar de ser um analfabeto virtual (risos)? Brincadeiras à parte, sei que tenho que mudar, mas continuo achando que numa ficção é permitido criar licenças dramatúrgicas. É ficção (risos)!
Surpreendeu você a grande repercussão do casal Suelen e Roni, que nas redes sociais era chamado de Ronielen?
Acredito que “Avenida Brasil” tenha repercutido imensamente e que até tenha tido esse tipo de associação. Mas repercussão é repercussão. A reação do público é sempre surpreendente.
Qual foi a primeira coisa que você fez quando terminou de escrever a novela?
Relaxei. Não como gostaria, mas fiquei aliviado.
Qual é a sensação?
A de estar feliz pelo dever cumprido.