Primeira nadadora brasileira campeã mundial em piscina curta, primeira recordista mundial, primeiro ouro em Jogos Pan-Americanos… E, agora, primeira do país ao subir ao pódio de um mundial de piscina longa. No último ano, Etiene Medeiros vem colecionando pioneirismos. O desta quinta, no Mundial de Kazan, veio acompanhado da prata na final dos 50m costas. O feito poderia ter sido ainda mais saboroso, não fossem as últimas braçadas frenéticas da chinesa Fu Yuanhui. Mas o número 2 do lado do seu nome, desta vez, foi muito bem aceito. Bem mais do que isso. Foi comemorado à altura de seu significado para a natação feminina do Brasil.
– Gente, que emoção! Meu deus. Eu até chorei antes da prova, no banco de controle com o Vanza (Fernando Vanzella, seu treinador). Só quem está aqui sabe o controle emocional que você tem que ter. A chinesa foi sensacional, ela é muito bruta. Ela realmente foi melhor do que eu. Mas eu estou muito feliz. A adrenalina da prova ainda está aqui, estou aérea, mas estou muito feliz – comemorou, ainda sem acreditar no feito.
A prata de Etiene foi a segunda medalha do Brasil no dia e a terceira da natação no Mundial de Kazan. Menos de uma hora antes da pernambucana pular na piscina do Estádio de Kazan,Thiago Pereira também subiu no segundo lugar do pódio, nos 200m medley. No segundo dia de disputas, Nicholas Santos também foi prata, nos 50m borboleta. O país faturou ainda três pódios nas maratonas aquáticas. Ana Marcela Cunha foi ouro nos 25km e bronze nos 10km. Na prova de 5km por equipe, Ana, Diogo Villarinho e Allan do Carmo levaram a prata.
A pernambucana, que já havia se classificado para a final com segundo melhor tempo das semis (27s37), largou bem na final desta quinta e esteve um pouquinho à frente da chinesa até as últimas braçadas, quando Fu Yanhui pareceu ter ligado um motor, acelerou e bateu em primeiro, em 27s11. Etiene melhorou sua marca e ficou com a prata, com 27s26. A outra chinesa Liu Xiang completou o pódio (27s58).
– Eu sabia que a prova chegaria perto do recorde mundial. Até eu estava pensando nisso. Os 50m é uma prova muito rápida. Você tem que ter muita explosão, muita consciência também. Eu senti os últimos seis metros. É normal também em uma prova de explosão no final não ter mais velocidade. Por isso, tem que ter muita cuidado na chegada – disse Etiene, que caiu no choro ao reencontrar e abraçar o técnico Vanzella.