Buscando integrar os filhos do semiárido e melhorar seu acesso ao ensino superior, em março deste ano, o prefeito de Petrolina, Julio Lossio, enviou ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, uma solicitação para exclusão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como forma de ingresso à Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).
De acordo com o documento, a Universidade foi criada atendendo ao clamor popular, já que os jovens do polo Petrolina/Juazeiro teriam que se deslocar cerca de 700 km para se graduar em determinadas áreas profissionais. “Precisamos considerar que a Univasf foi construída para corrigir uma falta de atenção histórica à nossa região, portanto pensamos numa forma de atender a população do Vale do São Francisco evitando que saiam da sua região para ter uma graduação em outras cidades”, explicou Julio Lossio.
Para a estudante de Petrolina, Mariana Andrade, a exclusão do Enem é positiva. “Com o Enem, as pessoas daqui não são favorecidas. Eu estou no 2º ano do ensino médio e vou fazer vestibular para Medicina. Mesmo que eu consiga uma boa nota, há possibilidade de eu não conseguir vaga para Univasf e sim para outra universidade, até de outro estado. Será que eu vou ter condições financeiras de cursar?”, posicionou-se a estudante.
Já a graduanda do curso de Enfermagem, Walkyria Campos, citou como exemplo a Universidade de Pernambuco que não usa o Enem em substituição ao vestibular. “É válida a exclusão do Enem para beneficiar as pessoas da região. A UPE, por exemplo, manteve o vestibular próprio, com uma prova regionalizada e que beneficia especialmente os alunos pernambucanos”, exemplificou.
O Aluno da Univasf, Vinicius Soares, também argumentou que o Enem não beneficia as pessoas da região. Natural de Remanso (BA), o graduando em Enfermagem compartilha da opinião de que o exame nacional diminui as chances das pessoas da região. “Eu sou a favor da volta do vestibular para a Univasf”, afirmou.
Em resposta à solicitação do prefeito, o Ministério da Educação informou que o assunto já foi encaminhado para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), e está sendo analisada sua viabilidade. Hoje, a Universidade Federal do Vale do São Francisco possui 20 cursos de graduação, 4.505 alunos e 392 professores mestre e doutores.