Foi o que garantiu ontem, o presidente da Associação Brasileira dos Agronegócio, Caio Carvalho, ao falar na abertura da Feira de Negócios dos Produtores Nordestinos de Cana, no Recife. ‘O mundo dependerá, cada vez mais, da oferta de produtos brasileiros face os seus menores custos de produção’. Este é o cenário futuro para o setor canavieiro nos próximos anos, disse o presidente. O cenário atual é de incertezas, devido a quatro fatores, dois deles por erros de políticas internas, um devido aos excedentes global de açúcar e outro a questões climáticas, além desses, há também motivos referentes à transição da economia global, todavia, na avaliação de Caio Carvalho, todo este cenário negativo não deve continuar a médio e longo prazo. O dirigente lembra que a demanda dos produtos setoriais segue e seguirá crescendo a índices importantes, seja no mercado interno ou externo, por esta razão, mesmo no pior cenário, a perspectiva é de dobrar a demanda global por cana até 2030.
Para que não haja dificuldades no encaminhamento produtivo, segundo Caio, “o país deve perceber que precisa manter a sua liderança mundial no setor sucroenergético, sendo extremamente importante uma posição clara de governo, visando manter e ampliar a oferta de energias renováveis em sua matriz energética”, pontua Carvalho. Neste sentido, diz o dirigente da ABAG, cabe ao governo recuperar políticas anteriores consagradas, como a volta da alíquota da CIDE e a correção dos preços da gasolina. “O congelamento dos preços da gasolina sufoca o etanol”, critica o presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima. Carvalho lembra que o etanol sofre um ‘apagão’ de políticas públicas internas e a Petrobrás um ‘apagão’ de resultados financeiros, face o absurdo da política de preços de combustíveis, especialmente para a gasolina.
Em paralelo a esta dificuldade interna, o presidente da ABAG ressalta que o ciclo de alta de preços do açúcar está perto de retornar. “O açúcar completará sua 4ª safra global com excedentes, porém agora bem menores”, conta. Quando menor for o excedente, melhor será o preço, conforme as regras de mercado, com base na lógica da oferta e procura. Outro ponto favorável para o crescimento da produção brasileira é a manutenção dos mandatos de etanol nos EUA e na União Européia. “Estas são mercados de importante valor ao Brasil”, enfatiza Carvalho.
Entre os debates realizados na abertura da Feira, ficou evidente uma convocação aos produtores pois segundo os especialistas cabe ao produtor investir na utilização da tecnologia existente. Dentre elas, ele destaca o uso de variedades de cana apropriadas; insumos modernos ao controle de pragas e doenças, das ervas daninhas; uso de maturadores, da irrigação e da mecanização agrícola tecnificada. Além desses, ele também chama atenção ao atual desenvolvimento das tecnologias canavieira de 2ª e 3ª gerações. A 2ª geração diz respeito à produção de etanol da celulose, enquanto a 3ª trata da biotecnologia em leveduras e outros produtos. A tecnologia já está sendo desenvolvida pelo setor produtivo de Alagoas e São Paulo. A Feira de Negócios da Cana vai até amanhã, na sede da AFCP, na Imbiribeira, no Recife.
da redação do Nordeste Rural