O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta terça-feira (18) que irá investigar as acusações feitas pelo policial militar João Dias Ferreiras sobre suposta participação do ministro Orlando Silva (Esporte) em esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, na qual teria, inclusive, recebido propina nas dependências do ministério.
Segundo Gurgel, as acusações de Dias correspondem “sem dúvida nenhuma à prática de crime”. “O que se alega, naquela pessoa que prestou as informações, teríamos, sem dúvida nenhuma, a prática de crime. Agora é preciso verificar se isso é verdade ou não, se procede ou não. O ministro nega peremptoriamente, mas os fatos, em tese, constituem, sim, crime”, disse.
Ele afirmou que a investigação levará em conta o pedido do próprio Orlando Silva, assim como as duas representações enviadas por partidos de oposição contra ele.
Roberto Gurgel também disse que as investigações serão conduzidas com “o cuidado devido”. “O tempo do Ministério Público e do Judiciário, pelas cautelas que deve envolver uma investigação, é mais dilatado que o tempo da imprensa. Ele não tem a rapidez que talvez fosse desejada por outros setores, mas temos que fazer as investigações com o cuidado devido.”
João Dias disse à revista “Veja” que o esquema pode ter desviado mais de R$ 40 milhões nos últimos oito anos. O dinheiro deveria ser usado para comprar material esportivo e alimentar crianças carentes, mas teria sido desviado para o caixa eleitoral do PC do B, partido do ministro.
Em entrevista à Folha, Dias também afirmou que Orlando Silva teria proposto um acordo, em março de 2008, para que não levasse a órgãos de controle e à imprensa denúncia sobre as irregularidades. O ministro, porém, nega as acusações contra ele.
Fonte: Folha.com