O Brasil deve continuar a obter ganhos de produtividade maiores do que a média mundial nas lavouras de grãos, pelos próximos dez anos. No entanto, quando o horizonte é de períodos mais longos – de 20 ou 30 anos –, a situação muda. A produtividade vai continuar crescendo, mas, provavelmente, com índices menores do que os dos últimos anos, que deram origem às safras recordes. Esse cenário foi apresentado pelo diretor-geral do Instituto de Estudos de Comércio e Negociações Internacionais (Icone), André Nassar.
Os ganhos de produtividade previstos para a próxima década, aliados à conjuntura internacional, podem elevar a participação do Brasil no mercado mundial da soja para 50% e o de milho, para 25%. As exportações de carnes, em contrapartida, devem se acomodar. Nassar explica que essa perspectiva tem como base esforço de grande parte das nações para reduzir a importação de carnes. Muitos países estão estabelecendo metas para obter autossuficiência em proteínas.
Isso cenário pode ser positivo para a exportação de grãos. Por outro lado, se as vendas externas de carnes não aumentam, deixa-se de agregar valor à soja e ao milho e de gerar empregos. Ainda no campo da produção animal, Nassar prevê o deslocamento das granjas de aves e suínos. Elas avançarão nas proximidades dos centros urbanos e não mais nas áreas produtoras de grãos.
Assim como as granjas, a expansão da agricultura também tomará novos caminhos. A valorização de terras no Centro-Oeste empurrará os novos investimentos para regiões mais baratas. Uma delas já está em evidência e ganhou até um “apelido”. É o chamado MA-PI-TO-BA, formado por territórios dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia.
da redação do Nordeste Rural