Os principais gargalos logísticos e de armazenagem de grãos, no Brasil, podem impactar na competitividade da produção nacional. Segundo o pesquisador da Embrapa Soja (Londrina, PR) e presidente da Abrapós, Irineu Lorini, se não forem resolvidos, estes gargalos podem comprometer a qualidade do grão produzido no país, sobretudo a soja e o milho.
“Para a competitividade do nosso grão no mercado interno e externo, nós precisamos de qualidade. Com os problemas que temos hoje de logística e armazenagem, nós estamos indo num caminho em que deixamos nosso grão muito vulnerável a problemas de qualidade, quantidade de contaminantes, qualidade de proteína e de óleo. No milho, há a questão da perda do valor nutricional. Ao mesmo tempo em que o Brasil está aumentando a produção de grãos, ele está perdendo em qualidade. Em um determinado momento isto vai aparecer tanto no mercado local como no mercado externo”, prevê Lorini.
De acordo com projeções do IBGE e dados da Conab, na safra 2013/2014 o Brasil deverá produzir 186 milhões de toneladas de grãos, enquanto a capacidade de armazenagem do país é de apenas 121 milhões de toneladas. Em Mato Grosso, na última safra a produção foi de 45,8 milhões de toneladas, para uma capacidade de armazenagem de 29 milhões de toneladas. Estima-se que a capacidade ideal para o estado seria em torno de 54 milhões de toneladas.
Nas projeções para os próximos dez anos a situação torna-se ainda mais alarmante, uma vez que a estimativa é de que a produção do estado gire em torno de 67 milhões de toneladas. Com isso, é necessária a construção de uma estrutura de armazenagem que comporte mais 50 milhões de toneladas de grãos.
“A logística não acompanha e não tem como acompanhar. Os investimentos tinham de estar sendo feitos há muito tempo. E hoje há a intenção destes investimentos, mas eles não estão se concretizando ainda. Não só em logística como em armazenagem. Temos um grande déficit em armazenagem. Não é do dia para a noite que você estrutura isto. Então tem que turbinar isto, para ter mais armazéns e também as melhorias logísticas”, alerta o gerente de planejamento da Aprosoja, Cid Sanches.
Segundo o pesquisador da Embrapa Soja Amelio Dall Agnol a demanda por soja no mundo irá aumentar nos próximos anos. Somente na próxima década a estimativa é de que seja necessário um acréscimo na produção mundial da ordem de 70 milhões de toneladas. Dentre os grandes produtores mundiais, o Brasil é o país com melhores condições de atender a esta demanda, sobretudo com o plantio em áreas de pastagens degradadas. Para isso, alerta, será necessário investimento em infraestrutura.
da redação do Nordeste Rural