A Codevasf é uma das principais responsáveis pelo crescimento recente da caprinovinocultura no sertão do Vale do São Francisco. Esta é a afirmação de criadores que participam da 7ª Exposição de Caprinos e Ovinos do Vale do São Francisco (Expovale) que acontece simultaneamente à 24ª Fenagri, em Juazeiro-BA.
Parte da programação, os seminários e mini-cursos atraem criadores de toda a região. É o caso do senhor Valderli Gonçalves, de Paulistana, cidade do sertão piauiense que receberá uma Unidade de Transferência de Tecnologia (UTT) da Codevasf. “Estou satisfeito. Do ano passado pra cá a Codevasf começou a nos dar assistência. Estão construindo um aprisco com três piquetes para engorda de caprinos e ovinos, sendo um irrigado e dois que serão abastecidos com água da chuva”, disse Valderli. “Isso beneficiará tanto a mim como a toda a comunidade produtora, que conseguirá melhores preços pelos animais geneticamente melhorados”, acrescentou. A UTT incentivará a prática de melhoramento genético dos animais e criará o estímulo para a produção intensiva de caprinos e ovinos, proporcionando a padronização dos animais.
Segundo Romualdo Ramos, médico veterinário da 7ª Superintendência Regional da Codevasf, em Teresina (PI), além da construção de UTTs, outra obra, já mais avançada, também merece destaque: a Central de Terminação, no município de Dom Inocêncio, no sul do estado, cuja estrutura deve ser concluída em junho. “Enquanto a UTT busca o melhoramento genético, a Central de Terminação visa fazer a engorda dos caprinos daquela associação envolvida. O objetivo é que esses animais cheguem ali ao desmame, ou seja, aos cinco ou seis meses de idade. Ali eles vão receber uma alimentação em sistema de confinamento e com mais três ou quatro meses eles estarão prontos para o abate. Daí o destino será o matadouro”, explica.
Segundo Romualdo, outros benefícios da Central serão a padronização da carcaça a um modelo mais aceito pelo mercado nacional, a obtenção de uma carne mais macia e livre do odor que hoje desagrada e afasta muita gente do consumo dessa carne, e a economia de até três anos no ciclo de produção do nascimento ao abate comparado ao sistema extensivo tradicionalmente praticado pelo sertanejo, reduzindo o ciclo que hoje chega a até quatro anos a menos de doze meses.
Além da caprinovinocultura, a Codevasf também desenvolve trabalhos voltados para a apicultura e o beneficiamento do mel. No Piauí, esse é o arranjo produtivo com maior nível de organização, possuindo central que envolve sete cooperativas interligadas com um polo industrial, a casa APIS, que exporta mel com selo orgânico para diversos países do mundo.
ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Esse esforço empreendido pela Codevasf para melhorar e intensificar a criação de caprinos e ovinos no Sertão é parte de um sistema mais amplo de apoio aos arranjos produtivos locais empreendido pela companhia. Além da caprinovinocultura, a Codevasf investe também no desenvolvimento da apicultura e da piscicultura e empreendeu recentes esforços no desenvolvimento da irrigação de pequeno porte. “Aqui na Bahia temos obtido resultados positivos com a apicultura nas cidades de Uauá, Sento Sé, Abaré, Sobradinho, entre outras, e iniciamos as atividades em Campo Alegre, Pilão Arcado e Remanso, além dos entrepostos em Sento Sé e em Casa Nova”, informou Priscila Martins, responsável pelos APL na 6ª Superintendência Regional da Codevasf, em Juazeiro (BA).
Em Pernambuco, um dos destaques fica com a piscicultura, cujo Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura tem inovado ao fazer peixamento de dourado e surubim no Rio São Francisco para restabelecer a fauna nativa do rio e o equilíbrio ecológico prejudicado pela pesca predatória. Além disso, há o estímulo à integração da piscicultura à agricultura irrigada, que gera tanto economia no uso de fertilizantes quanto renda com a venda do peixe.