O Projeto Abelha Viva é uma iniciativa voluntária da cidadã Lícia Regina Lopes que ao presenciar um extermínio de enxame em uma área urbana passou a estudar sobre as espécies e observou que o próprio Corpo de Bombeiros agia de forma inadequada quando era acionado pela população para retirar enxames de abelhas na cidade.
Com o objetivo de tornar a prática da captura correta (sem precisar exterminar as abelhas) algo defendido por um grupo maior de pessoas e sensibilizar a sociedade acerca da importância destes animais para o planeta, Lícia impulsionou a realização da capacitação no final de 2014, momento em que ficou encaminhado que no município de Juazeiro só haverá destruição de enxames quando houver ataque a pessoas.
De janeiro a agosto de 2014, uma média de 70 enxames foram exterminados. Após o início do Projeto Abelha Viva, há uma estimativa de que 40 enxames já foram capturados e deste total foi inevitável o extermínio de apenas um, uma vez que se configurou como um ataque, ameaçando a vida de muitas pessoas que visitavam a Ilha do Fogo durante o dia.
Com a iniciativa do projeto, foi criado um Banco de Dados dos Apicultores do município. Ao identificar um enxame de abelhas, a população deve entrar em contato com o Serviço de Atendimento do Corpo de Bombeiros que prestará assistência a um apicultor para que possa fazer a coleta do enxame, ação que é comumente realizada no período da noite. Práticas como arremesso de objetos, lançamento de fumaças ou substâncias com cheiro não são recomendadas em hipóteses alguma, pois pode causar alvoroço das abelhas e assim provocar o ataque.
De modo geral, a população enxerga as abelhas como animais nocivos, porém elas são de extrema importância para a humanidade, pois são as abelhas que polinizam as plantas, ou seja, promovem a reprodução das flores e, consequentemente dos frutos e plantas. Para o colaborador do Irpaa, Rosemberg Ferreira, que também é apicultor, a população precisa ser melhor informada acerca da função das abelhas na natureza. Ele destaca a existência das diferentes espécies, frisando que a espécie nativa da Caatinga, a melípona (abelha sem ferrão), precisa ter uma maior valorização por parte dos/das agricultores/as familiares. “Por que não sermos parceiras das abelhas que são essenciais para a vida do planeta?”, provoca Lícia Regina.
Geração de Renda
Além de toda função com a reprodução das espécies vegetais da Caatinga e de outros Biomas do planeta, as abelhas são também uma excelente fonte de renda. No Semiárido brasileiro, muitas comunidades rurais vem aperfeiçoando técnicas de criação de abelhas, que oferecem diversas matérias-primas para produção de uma variedade de produtos.
Do mel, própolis, geleia real são produzidos alimentos, remédios, vitaminas, dentre outros produtos. Muitos desses contam com a ação integrada do Cooperativismo baseado na Economia Solidária que, para além da visão econômica, se preocupa com a preservação do meio ambiente. No município de Sento Sé, a Associação de Apicultores de Sento Sé – AAPSSE é uma das organizações na região que aprendeu a reconhecer o valor das abelhas e a importância de garantir a Caatinga em pé e assim confirmar a sustentabilidade ambiental, econômica e social presente nesse tipo de extrativismo.
Texto: Comunicação Irpaa