A grande quantidade de baronesas às margens do Rio São Francisco está diretamente relacionada a qualidade das águas do Velho Chico. A proliferação de macrófitas, as chamadas baronesas além de Petrolina, Pernambuco, atinge a região de Paulo Afonso e Glória, municípios baianos. Ano passado a promotora do Ministério Público da Bahia (MPE/BA), Luciana Khoury, relatou sua preocupação com o problema, cujos impactos são sentidos na saúde pública e abastecimento humano. Este ano de 2020, combater a proliferação das baronesas continua sendo um dos desafios dos órgãos públicos. Segundo estudiosos Um dos motivos para a proliferação da baronesa está no lançamento de esgotos sem tratamento no rio.
A repórter Raíssa França realizou uma reportagem para a BBC News Brasil e denunciou o aumento da presença de plantas no rio que é fundamental para o Nordeste está surpreendendo e preocupando ambientalistas e pesquisadores da região. Isso porque elas têm dificultado a navegação, a pesca e o abastecimento de água. Recentemente o estado de Alagoas teve o abastecimento de água interrompido devido as plantas. A invasão das plantas aquáticas no Baixo São Francisco danificaram um equipamento da Companhia de Saneamento do Estado de Alagoas (Casal).
Além da proliferação de macrófitas, as chamadas baronesas, existe uma grande quantidade de espécies, em especial elódeas e aguapés (respectivamente dos gêneros elodea e eichhornia), ocorre basicamente por conta do despejo de esgoto e produtos químicos no rio. Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil afirmaram que não é possível saber exatamente quando essas plantas surgiram no rio, mas que elas se alastraram de forma surpreendente por conta da contaminação e da diminuição da vazão.
“Essas plantas já estão há bastante tempo no São Francisco, mas agora estão descontroladas”, alerta o coordenador da Expedição do São Francisco e vice-coordenador do Comitê Científico de Bacias Hidrográficas do Nordeste, Emerson Soares. Segundo ele, esse aumento é resultado do acúmulo de poluentes, fertilizantes, agrotóxicos e esgoto doméstico.
“Quando o ambiente está equilibrado, elas (as plantas) ocorrem em menor proporção e não causam problemas ao ecossistema. Inclusive elas são importantes na filtragem de nutrientes, servindo de alimento para várias espécies, atuando na fotossíntese e servindo também de abrigo para desova de espécies de peixes e crustáceos”, explica. “Mas em excesso elas trazem problemas para a água que será utilizada para abastecimento e matar a sede de animais, tornando-a imprópria para consumo”, acrescenta.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, disse à BBC News Brasil que o órgão está tomando medidas para atenuar o problema. Ele afirma que uma solução definitiva só será alcançada com a construção de redes de coleta e tratamento de esgoto das cidades ribeirinhas, além da recomposição das matas ciliares. Hoje, a maioria das cidades na beira do rio joga seus esgotos no rio sem tratamento.
O rio São Francisco é considerado fundamental para o Nordeste. Sem ele, milhões de pessoas ficariam sem fonte de abastecimento hídrico. O Velho Chico, como é chamado, corta 507 municípios, de Minas Gerais a Alagoas. A área afetada pela proliferação das plantas é a região conhecida como baixo São Francisco, que vai de Paulo Afonso (BA) até a foz, em Alagoas, com um total 214 km de extensão.