
“É um roubo!”. “Seus ladrões”. “Mentirosos”. Estas eram algumas das expressões que se ouviam em coro durante a manhã deste sábado (22), em frente ao Rotary Clube Juazeiro São Francisco, na Praça Barão do rio Branco, centro de Juazeiro. No local, mais de 100 manifestantes, entre estudantes e pais de alunos, protestaram sob a alegação de terem sido enganados por uma empresa parceira da unidade de cursos profissionalizantes Rotary Clube.
De acordo com os manifestantes, cerca de 10 escolas de Juazeiro (entre elas, Juthaí Magalhães, Colégio Militar e Codefas, por exemplo) receberam a visita de profissionais de informática de uma empresa do Rio de Janeiro que, em parceria com a rede pública de ensino local, divulgou a realização de cursos que seriam ofertados gratuitamente para crianças de baixa renda.
Pela manhã, estudantes acompanhados de seus pais se dirigiram ao Rótary no intuito de realizar a matrícula nos cursos, de acordo com as indicações de local e horário divulgados em um panfleto distribuído pelos anunciantes do curso. Ao chegarem ao local, todos os interessados foram informados de que para realizar o curso de Informática básica ou avançada, e ainda o curso de Gerência Empresarial, eles teriam que pagar a quantia de R$ 65 reais. Com a aglomeração de pessoas que chegaram para fazer a matrícula, a revolta foi generalizada.
De acordo com os estudantes, os responsáveis pela divulgação dos cursos nas escolas informara que, além dos cursos de formação profissional, os inscritos no programa teriam direito a acessar academia e obter descontos em dentistas, papelaria e salão de beleza. Estimulados pela proposta e no intuito de garantir a vaga dos filhos no projeto, alguns pais chegaram ao local às 4 horas da manhã.

Marília Almeida Dias, 13 anos, demonstrou muita tristeza por saber que não vai participar das aulas de informática. A sua mãe, a viúva aposentada Gislene de Almeida Santos, ficou indignada com a situação. “Eu me frustrei porque achei que minha filha ia ganhar os benefícios e quando eu cheguei aqui disseram que eu tinha que pagar. Eu vim do Piranga II, gastei com passagem de ônibus e agora a gente soube que eles divulgaram uma mentira”, disse a aposentada.
O comerciante Mário Sérgio Oliveira Lima também chegou cedo no local, para realizar a matrícula do seu filho, que gostaria de fazer o curso de informática avançada. “Quando a gente veio fazer a inscrição, ficamos sabendo da farsa. Isso para mim é um roubo!”, resmungou Mário.
Nos panfletos distribuídos aos alunos em suas instituições de ensino, as informações dão a entender que o estudante ganhou, pelo seu desempenho escolar, o direito de fazer os cursos. No material um dos documentos exigidos para efetuar a inscrição dos interessados é o Cartão Bolsa Educação, deixando explícito que a proposta atenderia famílias de baixa renda.
Com o tumulto, o Rótary Clube fechou as postas e ninguém veio prestar mais esclarecimentos aos moradores. Nenhum representante da empresa do Rio de janeiro estava no local para dar informações sobre o caso.
Postado por Ricardo Alves